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10ª Parada Gay de Salvador traz forte tom político e cobra presença de governantes

O Grupo Gay da Bahia (GGB) é um dos mais antigos e atuantes do Brasil. Fundado há mais de 30 anos por Luiz Mott e atualmente presidido por Marcelo Cerqueira, é ícone do ativismo gay e precursor em diversos aspectos que hoje fazem parte do movimento LGBT e exerce grande influencia no Estado. Não por acaso, às vésperas da 10ª edição da Parada Gay, a cidade de Salvador recebeu outdoors e inserções na mídia televisiva com a campanha "Ser Gay Não é Estranho, Estranho é a Homofobia", chamando para a manifestação que aconteceu ontem (11/09), que teve este ano como madrinha a delegada Patrícia Nuno. 

Segundo estimativas da organização, estiveram presentes no evento cerca de um milhão de pessoas – a polícia militar estima em 800 mil – que foram às ruas do centro de Salvador protestar contra o preconceito e a intolerância, bem como pressionar a aprovação de projetos que criminalize a homofobia, como o PLC 122, que está parado no Congresso Nacional. Como todo evento de rua em Salvador, os ritmos se misturaram entre house, tribal, psy, axé e pagode.

O palco, localizado no Largo do Campo Grande, iniciou suas atividades por volta das 12h, já com os nove trios sendo preparados para o trajeto e artistas locais se apresentando para o público que ia se aglomerando. No trio oficial do GGB, em parceria com o site Disponivel.com, pouco antes do inicio dos discursos, foi pedido um minuto de silêncio em memória às vitimas dos atentados de 11 de Setembro, que completaram 10 anos deste domingo. Luiz Mott chamou atenção para a falta da presença do prefeito da cidade João Henrique (PMDB-BA) e do governador do estado Jacques Wagner (PT-BA) – em São Paulo e no Rio de Janeiro a presença de prefeitos e governadores é comum e aplaudida pela militância local.

Ainda durante seu discurso de abertura, Mott ressaltou a proibição do kit anti-homofobia e pediu vaias à presidente. "Nós queremos direitos iguais, nem mais e nem menos. A presidenta vetou o kit anti-homofobia. Vamos dar uma vaia para Dilma", pediu Mott. "Senhor prefeito de Salvador – que nunca veio à Parada – ano que vem têm eleições, viu?!", reforçou Mott.

O deputado federal baiano Jean Wyllys (PSOL-RJ) também esteve presente no trio principal e fez uma fala curta e de impacto. "É preciso aprovar a lei que criminaliza a homofobia, nós temos o direito de ir e vir, temos direito a vida. Parabéns ao Luiz Mott e Marcelo Cerqueira pelo colorido", disse. A vereadora Léo Krett (PR-BA) também fez seu discurso. "Sem preconceito, vamos viver do nosso jeito. Temos que pressionar a aprovação da lei contra homofobia, eu sou bicha e sou do gueto. Se mexer com os gays a favela acorda", afirmou.

Outra conquista local foi a criação da "Esquina do Arco-íris", que através de um projeto de lei batizou a travessa da Carlos Gomes em direção ao Largo Dois de Julho, reduto da vida gay baiana há décadas. "Quando este trio cruzar a Carlos Gomes vamos inaugurar a Esquina do Arco-Íris", disse a vereadora Vânia Galvão (PT-BA). Mott alertou ainda para a falta de patrocínio vindo da iniciativa privada. "Os vendedores de cerveja estão aqui ganhando seu dinheiro honestamente à custa dos gays, mas a Skol e Bhrama não ajudam em nada, ano que vem vamos proibir a venda", pressionou.

O encerramento da Parada aconteceu com shows no palco localizado ao lado do módulo da Polícia Militar, que até as 20h30 não tinha registro de ocorrências de agressão ou violência, problema que a Parada Gay de Salvador resolveu nos últimos anos, já que em suas primeiras edições era muito perigosa.

 

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