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29/08 – Dia da Visibilidade Lésbica

O dia 29 de agosto foi escolhido pelas mulheres presentes no primeiro Senale – Seminário Nacional de Lésbicas – no Rio de Janeiro em 1996 para celebrar e conquistar a visibilidade lésbica.

Algo que, à primeira vista, parece meio estranho, não é mesmo? Por que homossexuais querem visibilidade? E por que só as lésbicas e não todas as minorias LGBT?

Aquele grupo de mulheres reunidos no Rio acertou em detectar o principal problema que acomete as lésbicas em especial: somos invisíveis. Você já reparou como, sempre que se fala de homossexuais, as pessoas pensam em homens, não em mulheres? Tanto para criticar – “Que pouca vergonha dois homens se beijando” – quanto para admirar – “Como eles ganham acima da média” ou “Como são chiques” – não é verdade que em geral quem comenta tem na mente apenas eles?

Você já percebeu como, sempre que há grupos, reuniões, seminários para gays e lésbicas, quem fala e preside e dá entrevistas são os homens? Como os produtos e serviços oferecidos para gays e lésbicas só imaginam o conforto, o gosto, as preferências dos gays, nunca das lésbicas? Observe as fotos dos sites gls e lgbt se não acredita em mim. O único momento em que lésbicas aparecem mais são nos filmes pornôs, já que duas mulheres – de unhas longas, cabelos tingidos e gritos hilários de tão inverossímeis – costumam ser parte integrante da fantasia dos homens heterossexuais.

Nós realmente somos um grupo que desaparece, tanto para a sociedade em geral como dentro do movimento lgbt e da indústria gls. Mas antes que alguém ache que estou numa tirada chororô-vítima (que eu detesto), deixe-me dizer que a responsabilidade é nossa mesma, das lésbicas.

Seja por razões culturais, porque fomos ensinadas e ficar quietas e não correr atrás do que desejamos, seja por razões biológicas, já que somos menos agressivas (em média) que os homens, o fato é que somos um grupo mais silencioso e ausente da vida pública.

Se algum local abre dirigido a gays e lésbicas, quem aparece lá nas horas seguintes são os gays, curiosos e aventureiros. Se algum site oferece um produto, os primeiros a comprar são os homens. Numa reunião de militância sempre comparecem mais gays e eles quase sempre se posicionam com mais veemência do que as mulheres. Transgêneros nascidos XY também, por alguma razão que desconheço, partilham desse espírito mais corajoso e atirado em tudo, colocando a cara para bater (e sofrendo represálias, discriminações e violências) com muito mais frequência do que as mulheres.

Por outro lado, o fato de sermos mais discretas como grupo não significa que a gente não exista ou não saiba o que quer. Tanto que criamos o dia da visibilidade lésbica e, em várias cidades brasileiras, a data será comemorada com uma série de eventos interessantes, feitos e dirigidos especialmente para nós. Rio de Janeiro e Porto Alegre, por exemplo, capricharam em programações múltiplas, confira aqui e aqui.

Se você é lésbica ou bissexual, compareça! Vença aquela vontade de ficar em casa aninhada com seu amorzinho e junte-se às mulheres que fazem questão de mostrar à sociedade que existimos e somos bem diferentes dos homens! Se existe uma coisa que as paradas do orgulho conseguiram provar é a importância da visibilidade para obtermos conquistas.

Se você estiver em São Paulo no dia 29 de agosto, convido-a para o aniversário da Editora Malagueta, a primeira dirigida a mulheres que amam mulheres. Vamos comemorar um aninho a partir das 17 horas no Piaf Bar e Bistrô, um restaurante charmoso e aconchegante que muitas meninas já adotaram, com leituras de nossos livros por atrizes e o lançamento do primeiro romance com temática lésbica rural das letras brasileiras.

É uma chance de encontrar mulheres inteligentes e participar de um evento dirigido para nós, feito por mulheres como nós, que não só enxergam como publicam livros para lésbicas.

Serviço:
Quando: 29 de agosto, sábado, a partir das 17 horas,
Onde: no Piaf Bar e Bistrô
Alameda Franca, 303 – Jd. Paulista – São Paulo
Fone (11) 2501-9821
Entrada gratuita
Editora Malagueta
www.editoramalagueta.com.br


* Laura Bacellar é editora de livros, atualmente responsável, juntamente com um grupo de mulheres, pela primeira editora lésbica do Brasil.

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