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35ª Mostra Internacional de Cinema tem filmes sobre transexuais; cineasta gay é homenageado

Durante a coletiva de imprensa, realizada no último dia 8 de outubro, a diretora da "35ª Mostra de Cinema de São Paulo", Renata de Almeida, ex-esposa de Leon Cackoff, fundador da Mostra que faleceu vítima de câncer na sexta-feira (14), disse que esse ano o evento seria mais enxuto e focaria nas obras inéditas.

Ao todo serão exibidos 250 filmes entre nacionais e internacionais, que irão ocupar 2 salas de cinema na capital paulista a partir de hoje. Dentro desse montante de filmes, o site A Capa destaca aqueles que estão mais próximos da cultura LGBT.

O primeiro documentário, intitulado "Cuba Livre", trata da vida da atriz transexual Phedra de Córdoba, que volta à sua terra natal depois de 53 anos sem pisar em seu país. O mote do filme é o decreto criado por Mariela Castro, filha do atual presidente de Cuba, Raul Castro, que tenta diminuir as discriminações por identidade de gênero e orientação sexual. O filme tem direção de Evaldo Mocarzel.

Outra produção, também brasileira, se chama "Olhe para mim de novo", dos experientes diretores Claudia Priscilla e Kiko Goifman. O filme acompanha Silvio Lucio, um homem transexual, que trava conversas com outras pessoas que também são LGBT e realizam um debate sobre discriminação de gênero pelo sertão nordestino.

Quem também volta como grande atração do festival é o diretor Beto Brant (Cão Sem Dono, 2007), que desta vez dirige Camila Pitanga em "Eu receberia as piores notícias dos teus lindos lábios". O filme conta a história de um triângulo amoroso entre Lavínia (Pitanga), seu marido, pastor Ernani (Zé Carlos Machado), e o fotógrafo Cauby (Gustavo Machado). A trama, baseada em um romance do escritor Marçal Aquino, se passa no interior da Amazônia, região devastada pela exploração humana.

 

Paradjanov, o magnífico
Até o dia 20 de novembro o Museu da Imagem e Som (MIS) irá exibir como parte integrante da 35ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo a exposição "Paradjanov, O Magnífico", que tem montagem assinada por Danila Thomas e Felipe Tassara. Serão exibidas colagens feitas pelo cineasta durante o tempo que ficou preso no regime soviético.

Sergei Paradjanov nasceu em 9 de janeiro de 1924 em Tbilisi (Georgia). Em 1942 começa a trabalhar no Instituto de Transportes Ferroviários, posteriormente ingressa no conservatório de Música e Arte de Tbilisi, três anos depois começa a estudar cinema na VGIK (Instituto Cinematográfico de Moscou) e realiza o seu primeiro filme "Um Conto da Moldávia".

Depois de se formar com sucesso na VGIK, Sergei é enviado para a Ucrânia para trabalhar nos estúdios Dovzhenko. O inicio da carreira de Sergei no estúdio não é fácil e suas primeiras obras são consideradas um "lixo". Em 1964 ele então realiza o seu primeiro grande fime, "Sombras dos Ancestrais Esquecidos, que ganha vários prêmios.

A partir de então, Sergei passou a desfrutar de enorme sucesso e prestigio social. Mas, para os oficiais soviéticos, o estilo de vida de Sergei, que era declaradamente homossexual, não era bem visto. O cineasta passa, então, a ser censurado pelo regime soviético. Durante quinze anos Paradjanov não roda nenhum filme e é preso duas vezes.

Por fim, Paradjanov é condenado a cinco anos de prisão. Durante este período, ele desenvolve as gravuras que estão expostas no MIS. "Não me deixaram filmar, então comecei a fazer colagens. A colagem é um filme comprimido", declarou o cineasta em certa ocasião. Paradjanov faleceu de câncer do pulmão em 1990.

A exposição do MIS é gratuita e fica até o dia 20 de novembro.

Clockwork Orange
Outra característica que se mostra muito forte nessa edição da "Mostra" é a vocação para prestar homenagens a grandes diretores. Entre eles, destaque para Stanley Kubrick, que em 1971 chocou o mundo com o seu polêmico "A Laranja Mecânica", que conta a história do jovem Alexandre Delarge, que vive a caminhar pelas ruas como seu bando e provocar todo tipo de loucura. O filme é uma ode ao niilismo e também a maneira, que impera até hoje, de como grupos reacionários querem mudar comportamentos a partir de tratamentos de choque/conversão. Hoje, variados grupos se utilizam de tal tratamento para "curar" a homossexualidade. Como se vê, a obra de Kubrick continua visionária e atual.

Ainda dentro desse contexto de "cura" à deliquência e para a homossexualidade, há o documentário "Era uma vez… Laranja Mecânica", em que o diretor Antoine De Gaudemar faz uma releitura do filme e uma denúncia dos métodos de condicionamento mental usado para tratar pessoas com "desvios de comportamento". Entre os entrevistados há a esposa de Kubrick, Christiane Kubrick.

Outro grande cineasta que ganha homenagem é Martin Scorsese, que terá a sua obra prima "Taxi Driver", que lançou para o estrelato os atores Jodie Foster e Robert Deniro, exibida em versão restaurada e remasterizada. Para conferir a programação completa da "35ª Mostra Internacional de Cinema" clique aqui.

 

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