Apesar de avanços, setores conservadores continuam a atacar pessoas trans sob a bandeira anti-woke
Mesmo com conquistas importantes para os direitos LGBTQIA+, o cenário político da direita francesa revela um retrocesso preocupante, especialmente para pessoas trans. A recente retirada da responsabilidade da proteção contra a discriminação por identidade de gênero do ministro Bruno Retailleau, que classificou a identidade de gênero como uma “noção vaga vinda dos Estados Unidos” e um “sentimento”, expõe a falta de compromisso real dessa ala política com as pautas LGBTQIA+.
Direita e seus antigos fantasmas
Embora a direita tenha avançado em algumas questões, ela não abandonou seus preconceitos históricos. Parlamentares conservadores ainda resistem a medidas simbólicas e reparatórias para vítimas de perseguições e condenações por orientação sexual, como é o caso da proposta de reconhecimento das pessoas condenadas entre 1942 e 1982, que enfrenta oposição dentro do próprio partido. Essa resistência reflete que, apesar das aparências, a direita não se tornou aliada da comunidade LGBTQIA+.
O senador Ian Brossat, do PCF, lembra que legislações discriminatórias foram votadas por membros da direita, destacando que o preconceito está enraizado e não desaparece por simples modernização dos discursos. Para ativistas como Tarik, do coletivo comunista Inverti·e·s, a direita utiliza o fantasma “woke” para atacar direitos conquistados, transformando pessoas LGBTQIA+ em bodes expiatórios em um discurso moralista e de choque cultural.
O foco mudou: da homofobia para a transfobia
Com a maior visibilidade e conquistas das pessoas gays, lésbicas e bissexuais, setores de direita passaram a direcionar seu discurso de ódio às pessoas trans. Essa transposição é evidente na tentativa de restringir o acesso à transição de gênero para menores e na disseminação de mitos sobre educação sexual, acusada de “criar” identidades LGBTQIA+. A direita, conforme destaca Brossat, segue sob influência de uma “CNews-ização”, com discursos inflamados que alimentam o preconceito.
A transfobia se tornou o novo campo de batalha para os conservadores, que buscam frear avanços sociais enquanto tentam manter uma fachada de modernidade. Essa estratégia é um sinal claro de que a direita ainda não se reconciliou com a diversidade e continua a ser uma ameaça para os direitos da comunidade LGBTQIA+.
O caminho da luta e resistência
Apesar desses retrocessos, a comunidade LGBTQIA+ e seus aliados seguem firmes na luta por direitos, reconhecimento e respeito. É fundamental compreender que a batalha contra o preconceito não é apenas uma questão de legislação, mas uma luta cultural e social que exige visibilidade, educação e engajamento político.
No Brasil e no mundo, movimentos LGBTQIA+ encontram inspiração e força em resistências similares, reafirmando que direitos conquistados nunca são garantidos para sempre e que a vigilância contra discursos de ódio é necessária para garantir um futuro de inclusão e igualdade.
Assim, ao refletirmos sobre a relação da direita com as pautas LGBTQIA+, fica claro que o caminho para a verdadeira amizade e apoio ainda é longo, exigindo pressão constante, conscientização e mobilização para que o preconceito seja definitivamente superado.
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