Georgie Aldous, de Great Yarmouth, pede mais controle e segurança no uso do medicamento para emagrecimento
Georgie Aldous, um jovem youtuber gay de 26 anos da cidade litorânea de Great Yarmouth, no Reino Unido, vem chamando a atenção para os perigos do uso do remédio para emagrecimento Mounjaro. Após gastar mais de mil libras em tirzepatida, o princípio ativo do medicamento, ele relata ter enfrentado efeitos colaterais severos, incluindo esgotamento extremo, ataques de pânico e um medo intenso de morte.
O Mounjaro é um medicamento injetável semanalmente, originalmente criado para tratar diabetes tipo 2, e está ganhando popularidade como auxílio na perda de peso. Porém, como qualquer fármaco, ele tem uma lista considerável de efeitos colaterais que podem afetar o organismo, como náuseas, tonturas, palpitações, ansiedade e até problemas graves como pancreatite e alterações de humor.
O relato de uma experiência dolorosa
Georgie, que luta contra a dismorfia corporal, começou a usar o medicamento para tentar melhorar sua autoestima e imagem corporal, especialmente diante da pressão da comunidade gay para atender a padrões estéticos rígidos, como ser magro, musculoso ou se encaixar em certos estereótipos. Ele chegou a perder peso rapidamente, de aproximadamente 114 kg para 89 kg em cinco meses. Apesar dos resultados, o custo físico e emocional foi alto.
Sem supervisão médica adequada, Georgie aumentou a dosagem seguindo orientações gerais e passou a sofrer com sintomas cada vez piores. Ele conta que se sentia drenado, sem energia ou emoções, e chegou a ter ataques de pânico terríveis que o fizeram acreditar que morreria. Foram três internações hospitalares, onde exames apontaram deficiências nutricionais graves e uma frequência cardíaca elevada, chegando a 150 batimentos por minuto em repouso.
Após sua última hospitalização, Georgie recebeu tratamento com soro, analgésicos e acompanhamento psicológico, incluindo terapia cognitivo-comportamental. Ele foi diagnosticado com transtorno do pânico e ansiedade relacionada à saúde, agravada pelo monitoramento obsessivo dos sinais vitais. Essa experiência traumática reforçou sua convicção de que medicamentos como o Mounjaro não devem ser usados de forma leviana ou sem acompanhamento rigoroso.
Pressão estética e saúde mental na comunidade LGBTQIA+
Georgie destaca como a cultura e o ambiente dentro da comunidade gay podem ser implacáveis quando o assunto é aparência. A ausência de correspondência em aplicativos de namoro e o estigma social em torno do corpo ideal podem levar muitos a buscar soluções rápidas e perigosas para se encaixar ou se sentir amados. Ele reforça que o amor próprio e o valor pessoal não dependem de um padrão físico e que encontrar apoio em amizades, família e hobbies é fundamental.
“Não é necessário caber em uma caixa para ser amado. Precisamos, enquanto comunidade, mudar a maneira como falamos sobre o corpo e a aparência, para que ninguém se sinta pressionado a se colocar em risco”, afirma Georgie.
Campanha por maior regulação e segurança
Movido pela própria experiência, Georgie lançou uma petição pedindo que o governo implemente controles mais rígidos na prescrição e uso de medicamentos como Mounjaro. Entre as propostas, ele defende a obrigatoriedade de exames sanguíneos mensais para monitorar deficiências e possíveis complicações no organismo dos pacientes.
Atualmente, o Mounjaro é indicado para pessoas com índice de massa corporal (IMC) igual ou superior a 30, ou acima de 27 com fatores de risco associados. No entanto, críticos apontam que o IMC pode não ser um parâmetro ideal para avaliar a saúde individual, e o uso indiscriminado do remédio, muitas vezes comprado pela internet sem acompanhamento adequado, tem crescido.
A farmacêutica Eli Lilly, fabricante do Mounjaro, reforça que o medicamento deve ser usado somente sob prescrição e supervisão médica, e alerta para a necessidade de garantir que os pacientes estejam adquirindo o produto genuíno em farmácias autorizadas. Também recomenda que qualquer efeito adverso seja comunicado às autoridades de saúde.
Georgie Aldous deixa um recado importante para toda a comunidade LGBTQIA+: valorizar a saúde mental e física acima das pressões externas é um ato de amor próprio e resistência. Sua campanha reforça a urgência de políticas públicas que protejam aqueles que buscam emagrecer de forma segura, evitando tragédias e sofrimento desnecessário.
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