Responsável por dois filmes da saga e videoclipes de Madonna, Foley deixa legado entre o comercial e o cinema autoral
O mundo do cinema perdeu uma voz marcante com a morte do diretor americano James Foley, conhecido principalmente por ter comandado dois filmes da famosa saga erótica ‘Cinquenta Tons de Grey’. Foley faleceu enquanto dormia, após uma luta de anos contra um câncer cerebral. Apesar de sua maior visibilidade recente estar atrelada a produções comerciais que alcançaram grande público, sua trajetória revela uma diversidade artística que merece ser celebrada.
Entre a indústria e a arte: um diretor multifacetado
James Foley dirigiu Cinquenta Tons Mais Escuros (2017) e Cinquenta Tons de Liberdade (2018), estrelados por Dakota Johnson e Jamie Dornan. Embora filmes assim estejam focados em um público amplo e com apelo comercial, o nome do diretor muitas vezes fica apagado diante da força da marca e do elenco. No entanto, Foley construiu sua carreira com trabalhos que dialogavam mais diretamente com o cinema de arte e o cinema autoral.
Nos anos 1980, Foley foi o diretor predileto da icônica cantora Madonna, tendo realizado videoclipes e o filme Quem é Essa Garota? (1987), uma comédia romântica que exaltava a estrela pop da época. Em 1986, assinou o drama criminal Homens Frente a Frente, protagonizado por Sean Penn e Christopher Walken, um filme que demonstra seu olhar mais autoral e menos comercial.
Um olhar mais profundo nos anos 90
Nos anos 1990, Foley aprofundou sua relevância cinematográfica com trabalhos que mesclavam crítica social e narrativa sofisticada. Destacam-se o episódio que dirigiu para a cultuada série Twin Peaks e a adaptação do romance noir After Dark, My Sweet (1990). Seu trabalho mais emblemático foi a direção de Glengarry Glen Ross (1992), adaptação da peça de David Mamet. O filme, que conta com um elenco estelar formado por Al Pacino, Jack Lemmon, Ed Harris, Alan Arkin e Kevin Spacey, é um retrato ácido do mundo dos corretores imobiliários, muito elogiado pela crítica e considerado um clássico do gênero.
Foley admirava diretores independentes como Gus Van Sant e Quentin Tarantino, temendo o crescente controle dos grandes estúdios sobre a liberdade criativa dos cineastas. Ainda assim, ele próprio acabou migrando para produções mais convencionais, como thrillers psicológicos e adaptações de best-sellers, incluindo filmes com atores renomados como Mark Wahlberg e Reese Witherspoon.
Redescoberta na televisão e legado para o cinema
Nos anos recentes, Foley encontrou na televisão uma nova forma de expressão, dirigindo doze episódios da série política House of Cards. Seu talento para criar atmosferas densas e personagens complexos contribuiu para o sucesso da produção, que conquistou público e crítica.
Para o público LGBTQIA+, a carreira de James Foley exemplifica a capacidade de navegar entre o mainstream e o autoral, trazendo para as telas narrativas que, mesmo em formatos populares, carregam nuances e reflexões sobre desejo, poder e identidade. Sua passagem deixa um legado plural, que merece ser revisitados com carinho, especialmente em tempos em que a representatividade e a diversidade são essenciais para a cultura audiovisual.
James Foley faleceu aos 60 anos, deixando uma obra que atravessa décadas e estilos, e que continuará influenciando cineastas e espectadores ao redor do mundo.
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