Associação denuncia omissão do restaurante e reforça a luta contra a violência racial e LGBTQIA+ em Ouro Preto, MG
No último domingo (11), estudantes da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) sofreram um ataque violento que uniu racismo e homofobia no coração do Centro Histórico da cidade. A Associação das Repúblicas Federais de Ouro Preto (REFOP) não só repudiou essa violência, como também cobra posicionamento firme e responsabilização dos envolvidos.
Segundo a REFOP, o ataque ocorreu em frente ao restaurante Satélite, onde dois estudantes negros foram insultados de forma agressiva diante de um ambiente cheio, e um terceiro estudante foi agredido fisicamente por um comentário considerado provocativo e homofóbico. O choque maior veio da postura do estabelecimento: funcionários e o proprietário presenciaram tudo sem qualquer intervenção, acentuando o silêncio cúmplice que ainda perpetua a violência contra corpos negros e LGBTQIA+ em espaços públicos.
O silêncio institucional que reforça a violência
A REFOP critica duramente a nota de repúdio emitida pelo restaurante após o ocorrido, classificando-a como incompleta e omissa em relação às vítimas. A associação alerta que a ausência de apoio e a tentativa de minimizar o episódio ajudam a reescrever a história em favor dos agressores e apagam a dor das pessoas que sofreram agressão.
“O que deveria ser uma noite de lazer se transformou em um episódio de dor, indignação e medo diante da intolerância escancarada”, enfatiza a nota pública da entidade. Ainda mais simbólico, o ataque aconteceu a dois dias da data que marca a abolição formal da escravidão no Brasil, 13 de maio, reforçando a necessidade urgente de combater o racismo estrutural e a homofobia presente em nossa sociedade.
Um chamado à mobilização e à denúncia
Apesar de a Polícia Civil ter realizado a prisão em flagrante dos agressores, eles foram liberados em dois dias e voltaram à sociedade sob restrições judiciais. A REFOP destaca que esse tipo de desfecho ainda é exceção no Brasil, onde muitas vezes as vítimas ficam sem proteção e sem voz.
“Não aceitaremos mais nenhum passo atrás. É imprescindível denunciar e se mobilizar para que espaços públicos sejam seguros para todas as pessoas, independentemente de raça, gênero ou orientação sexual”, finaliza a associação, convocando a sociedade para um posicionamento coletivo e ativo contra essas violências.
Até o momento, o restaurante Satélite não se manifestou novamente sobre o caso, e as investigações seguem em curso pela Polícia Civil de Ouro Preto, Minas Gerais.