Filme no Festival de Cannes 2025 revela a busca por identidade e amor de uma jovem queer entre fé e cultura
Em 2025, o mundo parece mais aberto para histórias como a de “The Little Sister”, filme que acompanha a complexa trajetória de Fatima, uma jovem francesa de origem argelina, que luta para se entender em meio às expectativas culturais, religiosas e sua descoberta como mulher queer.
Adaptado da autobiografia “The Last One”, de Fatima Daas, o longa dirigido por Hafsia Herzi nos apresenta Fatima aos 19 anos, vivendo em um subúrbio parisiense onde o islã é parte do cotidiano familiar e comunitário. Ela se dedica aos estudos para entrar na universidade, mas seu desejo por liberdade e autenticidade a move para territórios novos e desafiadores.
Fatima tem duas irmãs mais velhas e uma família aparentemente acolhedora, mas seu maior círculo é formado por amigos homens, seus “irmãos” de escolha. Em segredo, mantém um namoro com um jovem muçulmano, embora seu coração já sinta que esse caminho não é para ela. A descoberta de sua sexualidade acontece aos poucos, e quando ela baixa um aplicativo de encontros, começa a se conectar com mulheres lésbicas, experimentando conversas e encontros que fogem dos clichês do gênero “coming out”.
O Despertar para o Primeiro Amor
A transformação de Fatima ganha força quando ela conhece Ji-Na, uma imigrante coreana mais velha, que a introduz à vibrante vida noturna queer de Paris, incluindo uma celebração de orgulho LGBTQIA+. É nesse relacionamento que Fatima sente a euforia do primeiro amor, mas também enfrenta as incertezas e dores que vêm com ele, especialmente diante da instabilidade emocional de Ji-Na.
Universidade e Novos Laços
Ao ingressar na universidade, Fatima encontra um novo grupo de amigos, incluindo Cassandra, uma mulher queer árabe que identifica sua sexualidade mesmo quando ela tenta mantê-la privada. Nesse ambiente, Fatima começa a se sentir mais autêntica e aceita, mas o conflito interno sobre sua identidade e fé ainda persiste, embora não seja explorado tão profundamente quanto se poderia esperar.
O ponto alto do filme está na relação delicada entre Fatima e sua mãe, onde a jovem demonstra vulnerabilidade e força, revelando camadas até então escondidas. A atuação de Nadia Melliti, estreante no cinema, brilha especialmente nesses momentos, transmitindo uma presença cativante que torna a jornada de Fatima palpável e emocionante.
Por que essa história importa?
Embora “The Little Sister” traga elementos já vistos em narrativas queer, sua força reside na autenticidade e no contexto franco-árabe, que agrega nuances raramente exploradas com tanta sensibilidade no cinema. É um relato que ressoa para muitas pessoas LGBTQIA+, especialmente aquelas que navegam entre as tradições religiosas e a busca por autoaceitação.
Apresentado no Festival de Cannes 2025, o filme é um convite para refletirmos sobre as múltiplas identidades que formam cada um de nós, a coragem necessária para ser quem se é e a importância de encontrarmos comunidades que nos acolham em nossa verdade.
Para o público LGBTQIA+ do acapa.com.br, “The Little Sister” é muito mais que um filme: é um espelho que reflete dores, conquistas e a beleza de existir fora dos padrões, reafirmando que amor, fé e autenticidade podem coexistir em harmonia.