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Grupos LGBTQ+ em Hong Kong celebram IDAHOBIT em meio a desafios

Evento raro reforça visibilidade e luta por direitos em um cenário de restrições na cidade
Grupos LGBTQ+ em Hong Kong celebram IDAHOBIT em meio a desafios

Evento raro reforça visibilidade e luta por direitos em um cenário de restrições na cidade

Em meio a um cenário cada vez mais restritivo para ativismos, a comunidade LGBTQ+ de Hong Kong se uniu no dia 17 de maio para celebrar o Dia Internacional contra a Homofobia, Bifobia e Transfobia (IDAHOBIT). A data, crucial para reforçar a visibilidade e o combate à discriminação, foi marcada por um evento organizado pela ONG Gay Harmony, que reuniu diversas outras entidades da cidade, incluindo uma igreja acolhedora e veículos de mídia focados em temas LGBTQ+.

Celebrando a diversidade com consciência e esperança

O evento tomou conta das ruas de Causeway Bay, transformando o local em um vibrante mar de arco-íris. Com discursos curtos, distribuição de panfletos e atividades interativas, os participantes buscaram envolver desde jovens casais até famílias, ampliando o diálogo sobre diversidade sexual e de gênero. Uma das ações, promovida pela ONG Pride Lab, convidava as pessoas a avaliar o grau de acolhimento LGBTQ+ no seu ambiente, enquanto a organização Quarks estimulava reflexões sobre formas de autocuidado diante do preconceito.

Mensagens emocionantes foram deixadas nas notas adesivas do espaço, como “Direitos trans são direitos humanos. Um dia venceremos” e conselhos práticos para enfrentar a discriminação, mostrando a resistência e a solidariedade da comunidade.

O encolhimento dos espaços queer e a luta pela visibilidade

Nos últimos anos, a possibilidade de realizar eventos públicos em Hong Kong tem enfrentado barreiras crescentes, sobretudo após a imposição da Lei de Segurança Nacional e o enfraquecimento de grupos civis desde 2019. Segundo Francis Tang, fundador da Gay Harmony, as manifestações de orgulho foram suspenas desde 2018, dando lugar a eventos menores e fechados, como bazares. “Não conseguimos fazer tanto barulho como antes”, lamenta Tang, ressaltando que ações como o IDAHOBIT são preciosas para manter o debate vivo.

Apesar da criminalização da homossexualidade ter sido revogada em 1991, Hong Kong ainda não possui leis que garantam proteção contra a discriminação por orientação sexual ou identidade de gênero, nem o reconhecimento do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Contudo, pesquisas indicam que 60% da população apoia o casamento igualitário, apontando para uma mudança crescente de mentalidade.

Religião, aceitação e o poder das ruas

Entre os participantes, a Blessed Ministry Community Church chamou atenção por suas imagens geradas por IA, que mostravam até Jesus celebrando casamentos entre casais gays de origem chinesa. Jensen Yiu, líder do ministério social da igreja, destacou a importância do evento para alcançar pessoas que talvez não participem de festivais LGBTQ+ fechados, tornando as ruas um espaço de diálogo e transformação.

Fran e Gu, um casal heterossexual que passou pelo local, confessaram que o evento os fez repensar preconceitos e perceber que a diversidade sexual e de gênero é mais complexa e natural do que muitos imaginam. “Isso ajuda a tirar o tabu e a aumentar a aceitação”, afirmou Fran.

Resistência e esperança para o futuro

Voluntária e assistente social na Pride Lab, Jacinta Yu reforça a necessidade de respeito e educação, mesmo diante de opiniões divergentes. “Espero que todos respeitem uns aos outros e não discriminem”, disse, emocionada.

O IDAHOBIT de 2025 acontece num momento crucial, pouco antes do prazo de outubro para que o governo proponha um marco legal para o reconhecimento das parcerias entre pessoas do mesmo sexo, conforme decisão histórica da Corte de Apelação. Contudo, Tang lamenta a ausência de consultas públicas e o endurecimento das atividades de lobby, que dificultam o avanço das pautas LGBTQ+.

Mesmo diante dos desafios, a comunidade LGBTQ+ de Hong Kong segue firme, transformando cada evento em uma oportunidade de resistência, visibilidade e esperança, mostrando que, apesar das adversidades, a luta por direitos e respeito nunca será silenciada.

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