Aumento histórico reflete mudanças sociais e maior visibilidade LGBTQIA+ no país
Em um marco significativo para a comunidade LGBTQIA+, o Brasil registrou em 2023 um aumento de 5,9% nos casamentos civis entre mulheres, totalizando 7.000 uniões. Este número não só superou os 6.600 casamentos do ano anterior, mas também representa a maior quantidade já registrada desde que o IBGE iniciou a coleta de dados sobre uniões do mesmo sexo em 2013.
Esse crescimento reflete um cenário positivo e de aceitação crescente das relações homoafetivas no país, contribuindo para um total de 11.200 casamentos entre pessoas do mesmo sexo, um aumento geral de 1,6% em comparação ao ano anterior. Apesar de essa mudança ser celebratória, vale notar que o número de casamentos entre homens caiu 4,9%, somando 4.175 uniões em 2023.
Uma nova era para as uniões homoafetivas
Desde 2013, quando o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) determinou que cartórios não poderiam mais recusar a conversão de uniões estáveis em casamentos, a quantidade de casamentos entre pessoas do mesmo sexo quase triplicou, saltando de 3.700 para 11.200. Em 2023, os casamentos femininos representaram 62,7% do total de uniões homoafetivas, demonstrando uma tendência de crescimento que inspira esperança e celebração na luta pela igualdade.
O IBGE obtém esses números através de dados coletados em cerca de 20.000 cartórios e tribunais em todo o Brasil, embora não contabilize uniões estáveis em suas estatísticas. Essa abordagem tem o objetivo de fornecer uma visão clara da evolução das relações homoafetivas no contexto legal e social brasileiro.
Desafios e mudanças nas uniões civis
Por outro lado, o cenário geral dos casamentos no Brasil apresenta um viés diferente. A pesquisa do IBGE revelou que, em 2023, houve 929.600 casamentos entre casais heterossexuais, resultando em um total de 940.800 uniões civis, o que representa uma queda de 3% em relação a 2022. Essa diminuição pode ser atribuída a mudanças sociais e culturais, onde a expectativa de um casamento formal não é mais uma prioridade para muitos indivíduos.
Klivia Brayner de Oliveira, gerente da Pesquisa de Registro Civil, sugere que essa diminuição reflete uma sociedade que busca alternativas mais flexíveis e menos custosas em suas relações. “As pessoas estão cada vez mais optando por uniões estáveis ou até mesmo por relacionamentos informais. A ideia de que o casamento é uma obrigação social está se dissipando”, afirma.
Aumento nos divórcios e novas dinâmicas familiares
Em um contexto paralelo, o Brasil também registrou um aumento de 4,9% nos divórcios, totalizando 440.800 em 2023, sendo 81% processados judicialmente. A legislação mais flexível desde 2010, que facilitou o acesso ao divórcio, parece ter contribuído para essa nova realidade, onde o rompimento de relacionamentos é cada vez mais visto como uma escolha normal.
Além disso, as dinâmicas familiares estão mudando. A pesquisa mostra que a guarda compartilhada, que era pouco comum, agora é a preferida em muitos casos, passando de 7,5% em 2014 para 42,3% em 2023. Essa mudança reflete uma busca por igualdade e colaboração nas responsabilidades parentais, algo que é muito valorizado pela comunidade LGBTQIA+.
Esses dados não apenas celebram o crescimento das uniões entre mulheres, mas também indicam uma transformação significativa nas normas sociais e culturais do Brasil. A luta pela igualdade e pelo reconhecimento dos direitos da comunidade LGBTQIA+ continua, refletindo um futuro mais inclusivo e justo.