Ameaça de perda de recursos coloca em risco atendimento vital para jovens LGBTQIA+ em situação de vulnerabilidade
O Sacramento LGBT Community Center está diante de um momento decisivo para sua atuação: enfrenta a possibilidade real de redução dos serviços oferecidos à comunidade LGBTQIA+, especialmente para jovens que vivem situações de vulnerabilidade, como risco de violência, falta de moradia e crises de saúde mental.
Após a perda de um financiamento federal de US$ 500 mil, o impacto já foi sentido nas áreas de atendimento psicológico e cuidados afirmativos de gênero. O diretor-executivo David Heitstuman alerta para o risco de outras verbas, que somam US$ 1,2 milhão, poderem ser cortadas dependendo das decisões do governo federal.
O impacto para a juventude LGBTQIA+
O centro atende cerca de 400 jovens de 14 a 24 anos, a maioria residente na cidade de Sacramento, Califórnia, EUA. Desses, 42% estão em situação de falta de moradia ou risco de ficar sem casa, 20% se identificam como negros e 12% como latinos. Além disso, 17% já passaram por experiências no sistema de acolhimento familiar. Esses dados revelam a diversidade e complexidade do público assistido.
Um dado alarmante apresentado pelo diretor de programas para jovens e famílias, Jon Garcia, é que 33% dos atendimentos recentes foram para intervenções emergenciais relacionadas a ideação suicida ou tentativas, sendo 84% desses casos entre jovens. Essa realidade mostra a importância crítica dos serviços oferecidos pelo centro.
O que está em jogo
O centro oferece não apenas acolhimento e aconselhamento, mas também programas de apoio como grupos para pessoas trans, idosos LGBTQIA+ e jovens em transição. A perda do financiamento ameaça a continuidade dessas iniciativas, que são fundamentais para proteger vidas e promover o bem-estar emocional da comunidade.
O Sacramento LGBT Community Center solicitou ao Conselho da Cidade um aporte de US$ 1,5 milhão via Measure L para manter e ampliar os atendimentos. No entanto, a proposta inicial prevê um valor menor, de US$ 417 mil. A decisão final sobre o orçamento está marcada para votação em breve.
Por que a comunidade precisa se unir
O financiamento disponível vem de impostos sobre operações de cannabis, direcionados a serviços para crianças e jovens. A entrega dos recursos é feita por meio de um processo competitivo, que envolve organizações públicas e sem fins lucrativos, num total de US$ 17,9 milhões distribuídos em diferentes valores.
Heitstuman destaca que, sem esse apoio, o déficit de serviços afirmativos LGBTQIA+ na região se aprofundará, especialmente para pessoas de baixa renda que não têm condições de pagar por atendimento especializado. A redução ou corte dos serviços pode representar o fechamento de portas para muitos que dependem desse suporte para viver com dignidade e segurança.
Apesar dos desafios econômicos e da instabilidade nas verbas federais e estaduais, o diretor mantém esperança na sensibilidade dos líderes locais para garantir o financiamento necessário. “É difícil substituir milhões de dólares em verbas por pequenas doações, por isso precisamos que os representantes locais se posicionem a favor da comunidade”, afirma.
Este momento é um chamado para a comunidade LGBTQIA+ e seus aliados se unirem em defesa dos espaços que oferecem suporte, cuidados e esperança para milhares de vidas. O futuro do centro e a manutenção dos serviços essenciais dependem de uma decisão que pode fazer a diferença entre acolhimento e abandono para muitos jovens vulneráveis.