Fico emocionada com um texto bem escrito
Fico emocionada com o amor entre mulheres
Fico emocionada com a natureza, com a luz da lua, com o vento, com o frio
Fico emocionada com os bichos
Fico emocionada com pontualidade
Fico emocionada com guloseimas
Fico emocionada quando mando livros da Malagueta para cidades pequenas e desconhecidas
Fico emocionada com honestidade e solidariedade
Fico emocionada quando as pessoas falam abertamente e sem receios sobre sua homossexualidade
Fico emocionada ouvindo a Miriam Queiróz
Fico emocionada ouvindo a Renata Pallottini
Fico emocionada com a Sala São Paulo, com música clássica e bons concertos
Fico emocionada com rapidez, inteligência e competência
Fico emocionada com atenção e esperteza
Fico emocionada com Quintana e Fernando Pessoa e com a trajetória de Clarice Lispector
Fico emocionada com o amor secreto de Olga Borelli
Fico emocionada com Emily Dickinson e com Gabriela Mistral
Fico emocionada quando lembro do meu almoço com Luiz Carlos Prestes
Fico emocionada com a minha infância
Fico emocionada quando vejo o retrato da minha bisavó Hanna Maryam
Fico emocionada lembrando da minha avó Sara
Fico emocionada com a “Última crônica” do Fernando Sabino
Fico emocionada com o conto “Felicidade clandestina” de Clarice Lispector
Fico emocionada com a Cassandra Rios.
Fico emocionada lembrando que os livros me ajudaram a ter compreensão de mim mesma
Fico emocionada com Julieta&Julieta, da Fátima Mesquita, o primeiro livro brasileiro que falava do amor entre mulheres com final feliz, publicado em 1999
Fico emocionada amando a Laura e as minhas cachorrinhas : Íris e Cléo
Fico emocionada quando a homeopatia faz efeito em Íris e ela fica menos louquinha
Fico emocionada quando a editora consegue publicar bons livros
Fico emocionada quando o livro chega da gráfica, chego a chorar
Fico emocionada quando o Sidola manda por email as capas dos livros
Fico emocionada com a luta contra a homofobia e sua possível criminalização
Me emocionei quando li ” Histórias de amor num país sem lei- a homoafetividade vista pelos tribunais. Casos reais” . Da Sylvia do Amaral.
Fico emocionada com bons filmes
Fico emocionada com os filmes do Felini, sempre !
Me emociono e não canso de ler “Carta sobre a felicidade”, de Epicuro
Fico emocionada e triste com tantas crianças abandonadas e exploradas nas ruas.
Fico emocionada com a eficiência dos meninos do Correio
Fico emocionada com a coragem e ousadia de tanta gente
Fico emocionada com o Pedro, meu afilhado
Fico emocionada com os dois anos e meio da Brejeira Malagueta
Fico emocionada pensando que a vida esta bem melhor e que tenho novos e bons amigos/as
Fico emocionada com feiras de livros
Fico emocionada com o tabelião Paulo Gaiger Ferreira e sua generosidade, ousadia e inteligência na elaboração das escrituras afetivas para os casais homossexuais.
Fico emocionada de ter conhecido Pelotas
Fico emocionada falando sobre a Brejeira Malagueta para a imprensa
Fiquei emocionada e surpresa quando li : “o que me atrapalha a vida é escrever”, frase da Clarice Lispector
Fico emocionada quando vejo nossos livros na vitrine da Livraria Cultura, muito mesmo!
Fico emocionada quando os livreiros elogiam a editora e nosso trabalho
Fico emocionada com o azul, roxo, lilás e amarelo
Me emociono com o silêncio do Vale do Matutu
Me emociono com os recursos do computador
Me emociono com a leveza da juventude e com a sua linguagem
Me emociono com a minha descoberta recente sobre a existência de rabinas lésbicas
Fico emocionada caminhando logo cedo e tendo boas idéias para textos
Fico emocionada quando descubro palavras novas e interessantes
Fico emocionada quando as máquinas funcionam
Fico emocionada ouvindo Maria Bethânia e Leila Pinheiro
Fico emocionada ouvindo “Maria Rosa” de Lupcínio Rodrigues na voz de Elis Regina
Fico emocionada com as Bachianas Brasileiras de Heitor Villa-Lobos
Agora, você quer saber o que me deixa mais emocionada ? Vou te dizer:
Sinceramente… a cada dia fico mais emocionada pensando que nós, mulheres lésbicas, passo a passo, estamos conquistando nosso espaço e visibilidade !
Feliz 2011 e viva a diversidade !
* Hanna Korich é uma das sócias fundadoras da Editora Malagueta, agora Brejeira Malagueta – a primeira e única editora dedicada à literatura lésbica da América Latina, desde 2008.