Tem alguma coisa errada com o mundo e com as pessoas. Só pode. Domingo, durante um dos debates do Queerfest um rapaz falou que trabalhava no SUS e que muitas vezes atendia homens gays com 40, 45 anos que estavam se achando velho e por isso não saiam de casa para ir a baladas e casas noturnas. Pior é que alguns desses caras eram do tipo ursos, o que teoricamente significa que não se importam (ou não deveriam se importar) tanto com os padrões de beleza estabelecidos.
Aí vindo para a Redação, no metrô uma das notícias daquela TV Minuto é que uma porcentagem relativamente alta de mulheres (34%, 44%, 54%? confesso que não lembro o número exato), cujo peso é considerado normal para estatura e massa corporal, se acham gordas.
Gente, o que acontece com a auto-estima de nós gays e dessas mulheres? Dá até preguiça falar sobre isso de tão óbvio que deveria ser esse tipo de discussão. Ninguém é obrigado a ser modelo, capa de revista e ter um corpo descomunal, bombado, malhado, sarado, que seja. Mas parece que a gente não percebe isso.
Freqüentemente ouço amigos dizendo que vão começar a fazer academia. A intenção deles, longe de ser levar uma vida saudável, é ter um corpo bonito. Acho um desperdício enorme de tempo dizer que isso é uma besteira. Até porque a maioria quase nunca começa de fato a puxar ferro e se começam, param depois de pouquíssimo tempo.
Antes que comecem a atirar pedras como se eu fosse contrário as pessoas irem à academia, me adianto: não sou e pouca diferença faria eu ser ou não. Para mim cada um tem que fazer aquilo que quer e aquilo que acha que vai lhe fazer feliz. Simples assim. O problema está justamente aí. Numa falsa sensação de felicidade e bem-estar que promete os benefícios de um corpo bonito.
Tipo, você quer mesmo fazer academia porque você quer ou porque as pessoas estão a todo tempo dizendo que você tem que ser daquele jeito?
Tudo bem, pode ser que caras gostosos sejam felizes com seus corpos e as pessoas que decidirem entrar na academia fiquem mais felizes de praticar atividades físicas. O foda é quando isso gera um efeito contrário. Uma busca incessante para atingir um padrão de beleza que o tiro acaba saindo pela culatra. Além de não ficar com um corpão a pessoa fica com uma auto-estima baixíssima e às vezes entra até em depressão. Grande vantagem…
Já tive crises por causa disso. Amigos e conhecidos vivem falando que eu engordei. Problema é que pouco tempo depois, (meses, dias ou questão de horas até) um outro alguém me vê e diz que eu emagreci. Até onde eu sei não tenho um metabolismo fantástico de efeito sanfona e cheguei a conclusão que tudo isso é muito relativo.
Se ninguém entra num consenso sobre isso, porque é que eu tenho que me preocupar se estou engordando ou emagrecendo? Dieta definitivamente é uma palavra que não está no meu vocabulário e nem deve entrar tão cedo…
E outra, quem é que disse que com 40 ou 45 anos uma pessoa está velha? – como se ser velho fosse algo assim tão ruim. Tem muito tiozinho que dá um bom caldo e que dá de dez a zero em caras da minha idade.
Se valorizar é essencial