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A comunicação e a revolução Árabe

Sem a televisão e a internet, provavelmente a revolução Árabe que está em curso não seria bem sucedida e não contaria com o apoio da comunidade internacional. Mas, tudo o que observamos neste momento via Twitter, Facebook e portais tiveram um começo com a juventude iraniana, em 2009.

Na ultima eleição no Irã, que ocorreu em 2009 e “re-elegeu” o atual presidente, Mahmoud Ahmadinejad, a população iraniana que é predominantemente jovem se revoltou e foi às ruas. Os verdes, como ficou conhecido o grupo opositor/revolucionário, reuniu milhares de pessoas, que foram dia após dia massacrado pelas forças do governo iraniano, conquistou apoio internacional via redes sociais.

Os oposicionistas apoiavam/ apóiam Mousavi, candidato derrotado que teve 33% dos votos ante 66% de Mahmoud, em uma eleição que foi considerada fraudulenta por todos os órgãos mundiais. Durante os protestos uma jovem iraniana de 25 anos foi baleada na cabeça pelas forças oficiais do governo teocrático. O mundo tomou conhecimento do fato graças a um vídeo que percorreu o Twitter, caso contrário, dificilmente assistiríamos tal tragédia.

A partir do caso iraniano outros povos oprimidos começaram a despertar para uma possível libertação de seus ditadores, como foi o caso do Egito, que a partir de uma pressão popular derrubou uma ditadura hereditária chefiada por Hosni Mubarak durante 30 anos. Hoje acompanhamos os revoltosos no Iêmen, onde o governo atual já declarou que não irá concorrer em uma próxima eleição.

Porém, o que tem chamado atenção da comunidade mundial é o caso da Líbia, país que vive sob o comando de Kadafi por 40 anos. Após a queda de Mubarak, os jovens da líbia foram contaminados pelo espírito libertador dos egípcios e resolveram tomar as ruas. Detalhe: tudo sendo televisionado e enviado via megabytes. O mundo torce e vibra favorável aos jovens daquele país, que sem treinamento militar resistem.

Quando parecia que as forças leais a Kadafi iam massacrar os jovens revoltosos, países do ocidente e da Europa resolveram intervir e por um fim a ditadura líbia.

Mas, além desses grupos lutando para derrubar suas ditaduras, o que temos aqui? Sim, a guerra televisionada não é novidade, desde o Golfo temos isso: guerras transformadas em produções cinematográficas. Porém, o caso Árabe revela a velocidade que outras guerras não tiveram. Os jovens que participavam dos atos mandavam tudo em tempo real. Pois, há lugares onde repórteres são proibidos de entrar e até são presos.

Por meio do Facebook e do Twitter todos puderam ficar sabendo o que estava acontecendo nesses países de culturas tão peculiares. Isso revela que, desde que a informação e contato entraram na era da velocidade é praticamente impossível viver em feudos isolados. Melhor para a população, pior para os ditadores. É a comunicação cumprindo o seu papel máximo na questão social.

Acompanhamos minuto após minuto o que acontece na Líbia, no Iêmen e no Irã. Os aiatolás do Irã devem estar de cabelos em pé, pois, sabem que com uma população em maioria jovem e com acesso a internet podem vir a ter problemas. É claro que o Irã se difere dos outros países, pois, tem uma estrutura forte de poder, o que ficou provado nas eleições de 2009. Mas pode apostar, a bomba está a um fio para explodir também no Irã.

Sem a internet e a televisão talvez não estivéssemos acompanhados tais ocorridos. Sem estes dois meios de comunicação talvez os grupos oposicionistas não tivessem contaminados ânimos ao redor do mundo, independente da língua falada e da burca usada.

E ainda tem gente que subestima a força da informação via ondas virtuais. 
 

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