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“A comunidade precisa descobrir o turismo GLS”, diz Clóvis Casemiro, da TAM Viagens

Responsável pelo segmento GLS da TAM Viagens, Clóvis Casemiro tem feito um inegável trabalho para fortalecer dentro da empresa e fora dela a questão do turismo dirigido à comunidade LGBT. Clóvis tem vasta experiência no ramo, já fez trabalho semelhante com a CVC e hoje seu nome é relacionado naturalmente ao turismo gay.

Ele já foi presidente da International Gay & Lesbian Travel Association (IGLTA) de 1998 a 2002. E agora acaba de ser nomeado embaixador do ano pela mesma entidade por conta do seu trabalho de divulgar o turismo brasileiro. O prêmio, Clóvis disputou com outros dezenove representantes do turismo GLS. No mesmo evento, que aconteceu recentemente em Toronto, no Canadá, o dono da rede de hotéis Axel, Juan P. Juliá, também foi premiado como empresário do ano.

Em entrevista ao A Capa, Clóvis comenta o título que acabou de receber, fala da importância de São Paulo como um de nossos cartões-postais, afirma que Florianópolis é o grande foco do turismo gay brasileiro e concorda com a ideia de se criar uma associação de empresários GLS. Confira a seguir.

O Rio de janeiro ainda é o grande foco turístico do mercado internacional. Como fazer a cidade de São Paulo virar um atrativo?
Na verdade, São Paulo já está virando. Faz algum tempo que as pessoas procuram São Paulo como destino. Quem gosta de ir a Nova York ou Londres gosta de vir a São Paulo. O Rio tem o clima de praia e tem a questão dos belos rapazes. Mas a nossa cidade tem feito um trabalho incrível. A SPTuris promove a parada e a cidade como destino gay até para o público em geral. Quando fui a Berlim num congresso de turismo, São Paulo tinha um folheto mostrando destinos e uma das primeiras fotos era uma bem grande da parada, dizendo que aqui a diversidade é muito forte e que as pessoas são benvindas.

Você foi escolhido como o embaixador do ano pela IGLTA. Qual é o significado disso?
Nós somos dezenove embaixadores de vários lugares do mundo. Tem de Israel, da Polônia, da Inglaterra, Estados Unidos e, desses 19, fui escolhido o embaixador do ano por ter colocado a IGLTA na mídia, por ter feito do Brasil um destino como um todo. Então, eu fiz um trabalho de embaixador como o nome diz, fui o melhor entre todos eles.

A parada gay de São Paulo ainda é o grande atrativo?
Com certeza. Temos alguns outros movimentos que estamos fazendo para diferenciar. Outra coisa legal é entender as feiras como turismo GLS: feira de estética, feira de moda, a feira do Hair Brasil, isso também é rota para o turista gay. No Hair Brasil tivemos muito sucesso. Veio muito turista maquiador, cabeleireiro por conta do nosso pacote.

Quando você vai vender esses pacotes lá fora, qual é a importância de se ter leis pró-LGBT aprovadas?
Isso faz uma diferença enorme. Infelizmente o nosso país tem um lado que envolve um pouco de insegurança. Você vê, o Rio é o maior destino e acontecem todos esses problemas policiais e isso repercute lá fora. Mas as leis de apoio à comunidade gay, os Centros de Referência, isso é fenomenal e positivo e, sempre que estou fazendo palestra e em nossos materiais, informo as pessoas sobre essas conquistas e isso ajuda bastante.

E o selo friendly, também faz diferença?
Faz diferença você ter o selo, ter o guia gay, faz diferença no sentido de aparecerem informações em sites estrangeiros. É uma somatória muito importante.

Nos guias internacionais, eles só incluem o estabelecimento se tiver este selo?
Não necessariamente.

Qual é a possibilidade da TAM fazer campanhas segmentadas?
A gente já faz através da TAM Viagens. Inclusive já fechamos com o Banco Real e com o Santander o pacote da parada. O Banco Real tem o grupo da diversidade que funciona há quatro anos, mas eles nunca conseguiram falar com o público gay final e agora, por meio da TAM, eles acertaram. E quem é cliente do Real e do Santander e for usar os seus cartões, poderá parcelar a passagem em várias vezes e até obter descontos se for pagar à vista, que é uma coisa que o próprio banco ofereceu. E esse privilégio serve também para os funcionários da TAM que têm contrato de parceria firmado em cartório. Então, além de tratar o cliente final, fazemos um trabalho interno.

Qual a tua opinião sobre o mercado gay brasileiro?
Nós ainda precisamos que o público final gay busque os seus parceiros dentro da comunidade, que dê essa oportunidade para mostrarmos o que estamos fazendo. Que é um trabalho bastante sério. Por que buscar uma agência de turismo que não tem um trabalho gay se você pode usufruir de boas agências, como uma grande operadora como a nossa? No Brasil temos setenta lojas e a nossa empresa está aberta para receber todos os gays e lésbicas. Aproveito e convido o leitor do A Capa a procurar nossos serviços e fazer uma viagem segura.

Florianópolis é ainda o grande filão?
É. Nós estamos trabalhando Florianópolis com bastante força, tanto no mercado nacional quanto no internacional. Agora estou fazendo um trabalho muito forte com cidades históricas de Minas. Fui lá fazer uma inspeção e todos os hotéis que visitei falaram que recebem casais de gays e lésbicas regularmente. É importante dizer que recebem com profissionalismo, não estão passando a mão na nossa cabeça, estão entendendo o turismo gay como um nicho de mercado.

O que você acha da ideia do Douglas Drummond (Casarão Brasil) de querer montar uma associação de empresários LGBT?
Acho incrível. Isso que o Douglas está fazendo é um retrato do que já foi feito lá fora, onde existe uma associação mundial que fica em Montreal. Nós vamos tentar trazer a ideia para o Brasil. Esse trabalho é muito importante.

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