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A eleição de Irina

Irina Bacci foi eleita ontem presidente do Conselho Municipal da Diversidade Sexual. Sobre o processo de eleição que durou quase três horas para ser concluído você pode ler mais aqui. Neste espaço vou fazer só algumas considerações a respeito do fato.

Irina é ativista há cinco anos, lésbica assumida, fisioterapeuta e trabalhou com prevenção a Aids entre LGBTs. Irina também fez parte das comissões organizadoras das Conferências Nacional e Estadual, além de ser atual Coordenadora do Centro de Referência da Diversidade. Lula Ramires, seu principal adversário, tem um trabalho extenso sobre educação e diversidade. Tem uns 20 anos de militância.  Nos anos 90, época em que o CORSA foi mais atuante, seu trabalho de ponta ajudou a desmistificar a questão da homossexualidade, principalmente em bairros da periferia.

Ambos muito bem capacitados e, parece, com vontade de fazer engrenar um Conselho que, na teoria é a coisa mais linda e transversal em se tratando de políticas públicas, mas na prática, está meio desarticulado e sem muita ação. A função básica desta entidade é ser um espaço de diálogo entre representantes da municipalidade e da sociedade civil para assegurar o bom funcionamento da CADS e um tratamento mais digno aos LGBTs. Resumindo é colocar dentro de cada secretaria a importância de uma ótica homossexual, para que num projeto de educação, por exemplo, seja lembrado a existência do aluno gayzinho do primeiro ano do ensino fundamental e que ele não seja discriminado.

Qualquer um dos dois que vencesse a disputa a certeza era que uma pessoa bem capacitada ocuparia o cargo. No entanto, as propostas de ambos foi o que menos apareceu na eleição. Durante todo o tempo a "chapa" de Lula buscou argumentos para colar à Irina a pecha de representante do governo, uma vez que ela coordena o CRD, fruto de uma parceria do Grupo Pela Vidda com a Prefeitura de São Paulo. Isso – o cargo de coordenadora – a desqualificaria para ocupar a presidência do Conselho enquanto sociedade civil. A candidatura de Irina teve de rebater esses argumentos – de que "Irina é governo" – e ainda atentar para a questão de disputa de gêneros que ocorria ali.

Ao contrário do que tentam colar agora, de que o governo Kassab elegeu o seu representante da sociedade civil, como observador presente no local não notei uma arregimentação da municipalidade em torno da questão. Posso estar enganado, mas o fato de Irina estar no CRD provavelmente pesou para que ela fosse eleita ao invés de ter servido como desmérito. Envolvida de perto com a questão da marginalidade das travestis do centro, essa nova experiência pode fazer com que ela queira cobrar – ao invés de sentir-se constrangida para – e que consiga sensibilizar as autoridades com quem terá de dialogar a partir de agora.

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