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“A epidemia da Aids ainda está concentrada na comunidade gay”, diz Beto de Jesus

Entre as várias atividades que acontecem durante a semana do "Rainbow Fest", em Juiz de Fora, uma delas são as mesas promovidas para debater questões em torno da comunidade gay. Houve mesa que  falou sobre a questão da mídia, outra discutiu a questão do teste rápido de HIV e as ações da UNAIDS (ONU) ao redor do mundo.

A primeira parte da palestra foi realizada pelo ativista Beto de Jesus, que desenvolve trabalho na Pact Brasil, mais especificamente o projeto "Quero Fazer" , focado no diagnóstico precoce da Aids/ HIV. Segundo Beto, ainda há um grande número de pessoas que descobrem tardiamente que estão infectadas e isso dificulta a aceitação dos remédios, não quando as pessoas vão a óbito.

Além da questão do diagnóstico precoce, Beto apontou uma parcela muito grande que, ao se expor a uma situação de risco, transar sem camisinha, por exemplo, e não realizar o teste de HIV. "Apenas 38% dos HSH no Rio de Janeiro declararam terem feito o teste", disse Beto, que atua na área do Rio e, em seguida, explicou o uso da sigla HSH no "Quero Fazer". "HSH, aqui, é uma linguagem epideomológica e que diz respeito a todos".

Outro objetivo do programa é "vencer a barreira geográfica, psicológica e informativa". Beto de Jesus também levantou dados que, segundo ele, parte do movimento gay não gosta de falar. "Hoje a comunidade LGBT tem treze vezes mais chances de se infectar com HIV por conta de sua vulnerabilidade", explicou o ativista.

Por conta disso, o "Quero Fazer" que trabalhar para que se construa a cultura do teste voluntário. "É impressionante, mas tem muita gente que se expõem e não faz o teste", conta o militante. Um dos motivos para este número é o medo do resultado e de encontrar um ambiente que não lhe seja agradável, homofóbico, no caso.

Por conta disso, uma das estratégias do "Quero Fazer" é utilizar as unidades móveis – trailers que vão a locais onde há freqüência de HSH – e também realizar testagens rápidas em ONG’s gays. Beto ressaltou a parceria como site de relacionamento Disponivel.com, em que mensagens são enviadas como forma de alerta para os usuários realizem o teste voluntariamente. Por fim, o ativista descreveu o perfil dos novos infectados.

"Estamos lidando com infecções novas, a idade média tem sido entre 20 e29 anos", revelou Beto. "A maioria dos infectados tem ensino médio e superior", ou seja, não se trata da falta de informação, mas sim de um preconceito em fazer o teste. "Isso é um absurdo e tem que acabar". O ativista também lembrou que o programa é possível graças ao apoio dado pela USAID/Brasil e pelo Departamento Nacional de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministéro da Saúde.

Ao encerrar a palestra, Beto de Jesus afirmou que a "epidemia está concentrada na comunidade gay", mas que é possível "fazer um trabalho de forma decente dentro da comunidade LGBT sem ser preconceituoso".
 

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