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“A escola não sabe lidar com gays e travestis”, diz secretária de Cidadania de São Carlos

Rosilene Mendes dos Santos, também conhecida como Rosimendes, é secretária de Cidadania e Assistência Social de São Carlos. A secretária, que está na Prefeitura há dez anos, conversou com a reportagem do A Capa a respeito das políticas LGBT da cidade e revelou acreditar que, apesar de São Carlos ser "conservadora", as pessoas estão mudando e aprendendo a respeitar a comunidade gay.

Educação também esteve no centro da conversa. Sem meias palavras, Rosimendes afirmou que o ambiente escolar "não está preparado para receber gays e travestis" e que até mesmo nas universidades existe homofobia dos alunos e da direção. Apesar do aparente otimismo, a secretária afirma que o país "precisa avançar muito na luta contra a homofobia".

Como está a questão LGBT na Prefeitura de São Carlos?
A política LGBT está vinculada à pasta da Cidadania e tenho o prazer de coordenar estas políticas.

Por que apoiar as políticas LGBT?
Sou uma pessoa que sempre trabalhou pelos direitos humanos. A política LGBT está pautada dentro do reconhecimento de direitos, e isso para mim é fundamental. Acho que o nosso país tem que avançar muito no respeito aos direitos de todos os cidadãos, especialmente das consideradas minorias, como os LGBT, os negros, os índios, os ciganos, crianças, adolescentes…

Como você vê o ambiente escolar para o jovem gay e transexual?
Esse ambiente é complicado. Ele ainda não está preparado para trabalhar com os nossos gays, travestis e lésbicas. Infelizmente, a gente ainda vê atitudes homofóbicas até mesmo dos próprios dirigentes e também dos estudantes. Mas isso não se restringe apenas ao ensino fundamental, mas também às universidades mais avançadas. Recentemente, a gente viu atitude de estudantes da USP (Universidade de São Paulo) completamente homofóbicas, vimos também em Belo Horizonte no curso de Serviço Social, onde a professora foi expulsa. Vemos a todo o momento dentro do sistema educacional um despreparo e um desrespeito. Portanto, temos que avançar muito.

Como você acha que a população de São Carlos recebe essas políticas LGBT e o apoio da Prefeitura à Parada Gay?
Estou há dez anos participando de um governo democrático popular e São Carlos é considerada uma cidade conservadora, pois ela é sede de uma Diocese. Acredito, no entanto, que tem avançado muito e prova disso é que avançamos nas lei municipais, conseguimos fazer a nossa primeira Parada Gay em 2009 que foi um grande sucesso, a comunidade acolheu bem e houve poucas críticas. Então, acredito que a comunidade de São Carlos está se preparando cada vez mais para respeitar os direitos LGBT.

Vocês sofrem pressão do setor religioso por apoiar políticas gays?
Não.

O que você acha dos setores políticos que se posicionam contra as políticas LGBT?
Eu repudio. Todo tipo de preconceito tem que ser repudiado, as pessoas desconhecerem é possível, pois a maioria da população brasileira desconhece direitos, agora a homofobia é inaceitável.

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