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A escolha pelo “celibato”

Uma vez, conversando com amigas sobre as nossas venturas e desventuras amorosas, uma delas me falou, muito tranquilamente:

– Estou há 3 anos sem transar, por opção… e muito tranqüila com isso.

Não é raro vermos mulheres tomando esta atitude. Vários motivos podem fazer com que nós simplesmente optemos por não nos relacionarmos por um tempo, tanto emocionalmente quanto sexualmente. E, em uma sociedade onde ter uma vida sexual ativa é quase uma obrigação, tomar esta decisão e mantê-la firmemente é uma atitude corajosa, já que corremos o risco de sermos vistas como amarguradas ou melancólicas.

Decepções amorosas são os motivos mais comuns para escolhermos ficar um tempo em “celibato”. Repensar nossos relacionamentos, nossas escolhas e prioridades e reencontrar nosso eixo depois de um término doloroso pode requerer um período de isolamento, que pode variar de algumas semanas a anos. Nesta fase, muitas mulheres se dedicam ao trabalho, a hobbies e prazeres abandonados, à família, aos amigos e a ficar um tempo só, cuidando com carinho de si.

Um envolvimento amoroso ou sexual com outra pessoa dispersaria a energia que estamos dedicando a nós mesmas, e assim abortaria precocemente o processo valioso de cura emocional. Não é raro vermos garotas voltarem iluminadas depois destes períodos “sabáticos”, pois simplesmente se redescobriram e voltaram a viver de acordo com o que as faz feliz. E, sabiamente, somente então é que se sentem prontas a entrar em um novo relacionamento.

Aliás, muitas lésbicas não conseguem nem pensar em sexo quando não estão apaixonadas. Para elas, sexo e amor devem necessariamente andar juntos, e não há sentido algum em transar quando não estão envolvidas emocionalmente, pois nem o tesão existe. Portanto, se não há relacionamento, não há sexo. Simples.

Outra razão para a escolha por um período de celibato é a definição de outras prioridades na vida, como o crescimento profissional. Na verdade, quando estamos profundamente envolvidas intelectualmente e/ou emocionalmente com outras atividades que não nossa vida sentimental e sexual podemos passar meses sem sexo sem nem perceber. Nossa libido, nossa energia, são inconscientemente direcionadas para aquilo que é o foco de nossa vida naquele momento, e o sexo passa a ser o item menos importante da listinha de prioridades.

Qualquer que seja o motivo, escolher abdicar de sexo por um tempo pode ser uma decisão sábia. Mas não é fácil, hoje, assumirmos uma postura desta sem sofremos certo “preconceito”. Não podemos esquecer que transar é bom, prazeroso, mas para fazer sentido, mesmo que seja uma transa casual, é preciso que seja feito com consciência e respeito, principalmente aos nossos desejos e ao nosso momento emocional.

Sexo é bom, mas não é tudo.

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