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A (falsa) moral e o (promíscuo) sexo gay

É só publicarmos aqui no site uma matéria um pouco mais "ousada", como a do guia para fazer uma festinha sexual, que chovem comentários e e-mails de leitores dizendo o quanto somos fúteis, promíscuos, ridículos e toda sorte de xingamentos que a imaginação de cada um permitir.

Esse tipo de reação acaba sendo previsível. Já nem é mais novidade. A história foi a mesma quando publicamos matéria sobre o guia de pegação que o blogueiro Cris, do Uomini, fez e postou na época da Parada Gay de São Paulo.

O engraçado é o fato de que ao mesmo tempo em que geram controvérsia e despertam a ira de alguns leitores, também são as mais acessadas. Isso é bom. Mostra, no mínimo, que são poucos os que se incomodam profundamente com o tema das pautas.

Àqueles que acreditam que a veiculação destas matérias é "armar o inimigo", "mostrar que gays são promíscuos" e "só colaboram para que não sejamos respeitados", dedico este texto e convido-os aos debates.

Tenho pena destes que pensam assim. Quando um gay aponta seu indicador na direção de outro gay e dita que tal ou tal comportamento é imoral ou promíscuo, é triste. Ele não percebe que muito mais que julgar a atitude de outro, se colocando num pedestal de hipócrita moralidade, está reproduzindo um discurso dominante proveniente de heterossexismo e da heteronormatividade. Oprimindo com uma arma com a qual também é oprimido.

E nem é preciso estudar muito pra chegar a essa conclusão. Gays são perseguidos desde tempos antigos. Quando ainda não existia a figura de um ser homossexual – que tem atrações e sentimentos por pessoas do mesmo sexo – e sim a do sodomita, aquele que praticava o pecado do sexo anal.

Seguindo essa lógica simples, gays não eram considerados promíscuos pela quantidade de parceiros que tínham ou deixavam de ter. Gays eram considerados doentes, invertidos, ou promíscuos, pelo simples fato de se relacionarem com uma pessoa de mesmo sexo. Essa idéia, que alguns teimam em manter viva até hoje, não passa de resquício de tempos inquisitórios, de punição e perseguição.

Portanto, caros, deixemos de moralismo. A luta contra a homofobia e o preconceito não é e nem pode ser desqualificada ou minimizada porque as pessoas decidem transar de tal ou tal maneira e com quantos parceiros melhor lhe prover. Não há liberdade plena sem amor e sexo livres. Qual é o problema de gozar e ser feliz sem fazer qualquer julgamento?

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