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A força do medo que tenho

Fazia tempo que isso não me acontecia, de chorar de cansada. Estou aos prantos. Você já chorou de exaustão? É uma sensação estranha. Não é de tristeza, nem de dor. É o corpo chorando, pedindo para parar.

Estou oficialmente trabalhando há mais de 24 horas agora.

Minha tia acabou de ligar, dizendo que estou muito magra, que preciso me cuidar, me alimentar, que sem saúde não vou conseguir terminar meus trabalhos… blá, blá, blá.

Eu mesma só fui reparar como emagreci nas fotos do meu aniversário. De fato, devo ter perdido, pelo menos, uns 10 quilos desde a minha separação.

Foi uma sucessão tão grande de tropeços, derrotas e tristezas, que haja saúde.

Meu corpo padece a cada impacto emocional ou psicológico que passo. E não tenho vivido coisas fáceis.
Mas, felizmente, as boas coisas são em maior número e me sustentam nas fases difíceis.

É a roda da vida, dizem os budistas.

Faço minhas, as palavras de Oswaldo…

Metade
Oswaldo Montenegro

Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio.

Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.

Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Por que metade de mim é o que penso
Mas a outra metede é um vulcão
Que o medo da solidão se afaste
E que o convivio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Por que metade de mim é a lembrança do que fui
Mas a outra metade eu não sei.

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é a platéia
A outra metade é a canção.

E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.

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