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“A homofobia não vai acabar, mas pode ser diminuída”, diz antropólogo Sergio Carrara

O antropólogo Sérgio Carrara, do Centro Latino Americano de Sexualidade e Direitos Humanos, afirmou ontem que a homofobia, assim como o racismo, não vai acabar no Brasil, mas esses preconceitos podem ser diminuídos na sociedade com políticas públicas para este fim.

A declaração aconteceu na tarde da última sexta-feira (15/05) durante a mesa de debate sobre a Pesquisa Homofobia e Direitos Humanos da Fundação Perseu Abramo, que abriu as atividades do Rio Pelo Dia de Combate à Homofobia.

O trabalho foi apresentado e comentado por Gustavo Venturi. O pesquisador explicou que o levantamento foi realizado em duas partes: a primeira sobre a percepção da população sobre o preconceito contra homossexuais e a segunda aborda a perspectiva de gays e lésbicas face a este preconceito.

Algumas diferenças entre esses módulos foram apresentadas por Venturi, como o fato de 25% da população em geral acreditar que as questões LGBTs precisam ser tratadas pelo governo, enquanto a maioria acredita que o problema do preconceito é de nível interpessoal. Entre gays e lésbicas, posição de que o preconceito deve ser combatido com políticas públicas sobe para 70%.

Carrara foi o primeiro a comentar os dados. Para o antropólogo e pesquisador da UERJ, o levantamento mostra um momento de cisão. "Parece muito com o dilema do copo meio cheio e meio vazio. A pesquisa mostra a presença forte da homofobia e ao mesmo tempo uma sociedade tolerante", apontou.

O professor também lamentou o fato de não haver uma pesquisa anterior para que se possa comparar estatísticas e saber se o Brasil melhorou ou piorou nos últimos anos em relação ao preconceito. "O que temos é como uma fotografia de um processo. Daqui a 5 ou 10 anos, outra pesquisa deve ser feita para descobrirmos onde estamos", declarou.

Apesar disso, Carra afirmou que a pesquisa deve ser olhada com otimismo. Venturi, que falou em seguida, concordou. "A minha hipótese é que estamos melhorando. 20 anos não é nada do ponto de vista histórico, mas há pouco tempo era impensável governos como o do Lula e do Sergio Cabral abraçando essa questão".

A delegada Inamara Costa, diretora da Academia de Polícia do Rio de Janeiro (ACADEPOL), também comentou a pesquisa. "Os policiais também são vítimas de preconceitos, mas fiquei me perguntando, quem deixaria de ser amigo de alguém porque descobriu que essa pessoa era policial? O que eu notei nessa pesquisa foi a banalização da homofobia. As pessoas falam claramente que tem preconceito contra gays. É muita cara de pau", afirmou.

"É por isso", continuou a delegada, "que estamos trazendo essa discussão para dentro da polícia e vamos trazer cada vez mais. Porque tem gente morrendo por causa desse preconceito".

Inamara aproveitou sua fala para pedir desculpas pelo atendimento ruim em algumas delegacias e reiterar que existem policiais competentes, honestos e que cumprem com suas obrigações.

Após o encerramento da mesa, às 18h, um coquetele foi servido aos presentes.

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