Há uma semana noticiamos o caso do jovem estudante que foi espancado por um colega de alojamento. Ao investigar o caso se descobre que há tempo o agressor fazia piadas homofóbicas com o jovem gay. O caso chegou ao extremo. A reitoria intercedeu e expulsou o agressor do Moradia II. Antes do caso da Federal de Minas Gerais o Brasil teve conhecimento do caso da USP, onde a homofobia reinou. Nesse caso não chegou a agressão física, o que não diminui a sua nocividade, pois os meninos da USP foram humilhados após trocarem beijos. Houve beijaço e a mídia cobriu em peso.
Aí, em uma dada manhã abro o e-mail e lá vem outra denuncia agora de Curitiba. Um gay denunciando que homens homofóbicos estavam usando spray de pimenta, pedaço de pau e pedras para agredir travestis e gays no centro curitibano. E chega a informação de que um estudante da Federal do Paraná foi espancado por skinheads e terá que fazer uma cirurgia na face. Saímos do Brasil e viajamos para o Iraque, ativistas de lá denunciam que 128 homossexuais aguardam execução, no país a homossexualidade é punida com pena de morte. Estima-se que mais de 200 já foram enforcados. A cena se repete no Irã – no ano passado ficou famoso o caso de dois jovens gays enforcados, um tinha 15 anos e o outro 17.
E, para completar o cardápio brasileiro da intolerância, na terça-feira (31/03), a Câmara Municipal de São Roque registrou um embate escancarado entre evangélicos e LGBTs. O motivo: a votação da criação do Dia da Diversidade Sexual. Por apenas um voto o projeto foi derrotado, porém, um clima de bate boca e troca de ofensas marcou encontro. Os vereadores contrários disseram que não queriam a cidade lembrada por permissividade. Bueno, no meu ponto de vista tal palavra se aplica ao que temos acompanhado: Castelo de Areia, Camargo Côrrea, Protógenes transformado em bandido, Sarney presidente do Senado, mais de 100 diretorias fantasma criadas pelo mesmo. Quem será permissivo?
Pois bem, todo esse retrato pessimista -desculpe, não dá pra ser diferente- para divagar sobre a importância do movimento e da conscientização da comunidade LGBT. Urgem os gays, lésbicas, trans e bissexuais se tocarem e analisarem o seu voto. Se hoje temos tanta gente homofobica eleita é por que ainda boa parte da parcela gay vota nesses indivíduos que atuam para deixar tudo como estar e nos acusarem de querermos privilégios. O que nós queremos é existência na constituição, segurança e respeito. E tudo fica pior quando pensamos em termos de governo federal: apesar dos ótimos passos- criação do Brasil Sem Homofobia, por exemplo- o vice presidente é evangélico, o partido da Igreja Univer$al é da chapa do governo, com isso o governo fica refém da tal governabilidade. Por isso o PLC 122, que criminaliza a homofobia no Brasil, não caminha.
É necessário um governo que rompa com tal conservadorismo, que assuma um lado e que não fique em cima do muro. Infelizmente o horizonte é triste. Serra ou Dilma eleitos, o cenário não muda muito. E, em caso de um vencedor pode até retroceder. É preciso também que a laicidade seja aplicada em nosso país. Não é possível, é obsceno, que parlamentares empunhem a bíblia para defender pontos de vista, tal ideologia se iguala ao Iraque, Irã, Egito e no continente africano, países que enforcam os seus homossexuais. Ou o eixo muda, ou continuaremos a respirar intolerância. Acredito que LGBTs não devem votar em parlamentares ligados a religião, pois esta sempre vai falar mais alto e também não votar em gente de partido conservador, pois estes sempre irão defender a malfada Tradição, Família e Propriedade, vulgo TFP.
É preciso fazer a roda girar pra frente.