O advogado Irineu Franceschini, pai de Sérgio do Big Brother Brasil, virou uma espécie de empresário do próprio filho. É ele quem tem atendido à imprensa enquanto Serginho, como tem sido chamado o participante mais fervido do programa, concorre ao cobiçado prêmio de R$ 1,5 milhão.
Atencioso e demonstrando muito orgulho de Sérgio, Irineu conversou com o site A Capa sobre a participação do filho no BBB10. Nesta entrevista, o advogado, que também é dono de um hotel em Guararema (SP), explica por que decidiu prestar queixa contra o responsável por espalhar na internet fotos onde o estudante supostamente aparece sem camisa e de cueca fazendo pegação em um site de relacionamento.
O pai de Sérgio, que abriu o B.O. na 4ª Delegacia de Repressão a Crimes de Informática, em São Paulo, garante que as fotos não são reais. "Todo mundo quer uma rabeira de fama", diz o advogado, que dá um show de tolerância ao falar sobre a orientação sexual de Serginho. "A homossexualidade não é opção."
O que o senhor está achando da participação do Sérgio no programa?
Estou gostando da participação dele. O Sérgio está fazendo o que gosta. Desde criança, ele sempre gostou de dançar, sempre foi muito versátil. No Carnaval eu o levava aos salões e ele sempre ia para o meio da orquestra. E o que ele faz lá dentro [no programa], ele faz aqui fora. Na realidade, ele não está atrás de dinheiro, porque ele não precisa disso. O Sérgio quer um programa de televisão, participar de alguma novela… Faz muito tempo que ele é conhecido na internet [o fotolog de Sérgio tem mais de 7 mil acessos por dia].
É o senhor quem está fazendo a moderação do fotolog?
O fotolog está meio parado. Mas os seguidores no Twitter [já são mais de 42 mil] não param de crescer. O que ele sempre gostou era ficar na internet. E ele tem também o formspring, no qual ele respondia sobre preconceito. A intenção dele sempre foi criar uma associação para ajudar as pessoas com psicólogos, médicos… A maioria das pessoas que fez perguntas na página teve problemas com os pais, por exemplo.
O que parece não ter acontecido entre o senhor e o Sérgio. O senhor sempre aceitou a homossexualidade dele?
Sempre, não. Os pais sempre sabem. Desde criança as professoras nos chamavam à escola, porque ele só gostava de andar com as meninas. Evidentemente, nós o levamos ao médico, ao psicólogo, conversamos com ele. Até que chegamos à conclusão de que isso [a homossexualidade] é algo natural.
Para quem ele se assumiu primeiro? Para o senhor ou para a mãe dele?
Na realidade, ele não contou. Nós sempre soubemos. A mãe, claro, estava mais próxima, ele é muito agarrado a ela. Se ele vai a uma balada, ela vai antes dele. Eu sou uma pessoa mais ausente, mas a mãe foi a primeira para quem ele comentou. A gente sempre conversa, dou conselhos, procuro sempre saber das coisas. Ele é um menino ainda.
Como é o Sérgio na intimidade? O que ele gosta de fazer quando está em casa?
Uma pessoa comum como qualquer outra. Tem hora que brinca, tem hora que se isola. Na frente do computador ele se transforma num artista, manda beijo, fala com as pessoas…
Sobre as fotos de Sérgio em um site de relacionamentos, o senhor prestou uma queixa na delegacia. Como o senhor pretende conduzir o caso?
O Sérgio estava confinado, no domingo eu vi umas fotografias dele. A foto do rosto era realmente dele, mas as outras [em que Sérgio supostamente aparece sem camisa e de cueca] eram montagem. Nas fotos, o relógio está na mão esquerda, mas o Sérgio sempre usou na mão direita. Na imagem que ele aparece beijando uma pessoa no [clube paulistano] Glória, é realmente ele, mas tudo não passou de uma brincadeira, para se mostrar. Ele não é um menino largado.
O Sérgio está solteiro?
Ele namorou um rapazinho, mas a mãe fica em cima, não desgruda dele, vai ao shopping com ele… Ou seja, eu sei como essas coisas funcionam, todo mundo quer derrubar o menino. Sou advogado criminalista e abri uma queixa na delegacia, porque sei quem fez isso [espalhou as fotos]. Tem outro que falou que era o namorado dele [que A Capa entrevistou com exclusividade], mas ele já se retratou e depois disse que não tinha nada com o Sérgio. Ou seja, todo mundo quer uma rabeira de fama…
O senhor está vivenciando toda essa repercussão. É difícil administrar esse burburinho em torno dele?
Na verdade, o que eu precisaria fazer era um bureau. O problema é que eu sou advogado, não sei mexer na internet…
Na estreia do BBB, o senhor disse que não aceitaria o Sérgio de "outro jeito". Acredita que sua declaração ajudou outras famílias a aceitarem seus filhos gays?
Se Deus me deu ele assim, por que eu o quero de outro jeito? Acho que os pais têm que ajudar seus filhos. Se os pais jogam seus filhos homossexuais na rua, para onde eles vão? Vão parar nas esquinas. Os pais precisam compreender que aquilo [a homossexualidade] não é uma opção. Ele nasceu com mais hormônio feminino que masculino. Ele não está escolhendo, ele é o que é.
Se Sérgio se relacionasse com outro homem na casa, qual seria sua reação?
Eu acredito que ele sempre encarou o fato de ficar com outra pessoa de forma muito natural. Mas se amanhã você o vir com alguma pessoa lá dentro, é porque ele realmente gostou dela. Ele vai demonstrar que não tem qualquer tipo de preconceito. E não tem nenhum motivo para ter. O Sérgio sempre me disse que gosta de alegria, alegria, alegria. E isso ele tem no sangue.
O senhor acha que Sérgio tem chances de vencer o programa?
Acho que chance todos têm. A gente nunca sabe a resposta do público. Se ele não ganhar, entre os finalistas ele com certeza fica.
Como o senhor vê a participação de outros gays na casa?
Acho muito positivo. Deve existir outro tipo de união entre os gays. O programa é uma mistura de gays, héteros, que funcionam como irmãos. O que eles demonstram é uma irmandade. E é isso que precisa. Se nas escolas a homossexualidade fosse discutida, tudo seria melhor. A educação começa no berço, dentro da própria casa. O que os pais precisam fazer é conversar [com os filhos] para saber que não adianta levar para o psicólogo etc. Eu falo isso com convicção.