Presente na manifestação que marcou o Dia Mundial Pelo Combate à Homofobia em Ipanema, no Rio de Janeiro, o Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, respondeu algumas perguntas do site A Capa.
Parceiro do movimento LGBT há mais de dez anos, Minc afirmou acreditar na aprovação do PLC 122/06 – que criminaliza a homofobia no país – ainda este ano; comentou o envolvimento do presidente Lula na causa gay e disse que "apesar de coisas maravilhosas a Igreja está redondamente enganada em relação à homofobia."
Ministro, no ano passado o presidente Lula ganhou um prêmio do grupo Arco-íris…
Sim, e eu ganhei no ano anterior.
O senhor entregou o prêmio ao presidente? Como ele o recebeu?
Entreguei, e ele gostou. Sabe que isso é curioso. Isso não faz parte da formação dele. Ele vem do movimento sindical e trabalhista e esses temas alternativos não faziam parte em suas discussões, mas ele avançou. Há pouco tempo estive com ele e ele confidencou a mim que este tema mexeu com ele. O Lula foi incorporado a essas questões e quando ele fala algo a favor dos homossexuais não é só para agradar, até porque, quando ele defende ele também desagrada.
O senhor acha que há chances de o PLC 122/06 ser aprovado ainda este ano, ou no próximo?
Acho que tem chances de ser aprovado ainda este ano. Quando fui deputado consegui aprovar duas leis, a que pune a discriminação e a que garante pensão aos parceiros de servidores homossexuais. Sei a dificuldade que é aprovar um projeto assim. Sofri perseguições que você nem imagina. O que esse projeto enfrenta é uma pressão muito conservadora. A Igreja tem coisas maravilhosas em relação aos Direitos Humanos, mas se fôssemos por ela não distribuiríamos camisinhas. Imagina o quanto teríamos de infectados pela Aids. A Igreja está redondamente enganada na questão da homofobia. Se você não criminalizar, você está sendo permissivo com a discriminação, dizendo que pode acontecer. É incrível como em nome de um dogma podem defender a violência.
O senhor já sofreu preconceitos por defender a causa gay?
Sofri ataques da própria tribuna quando eu era deputado. Diziam que eu legislava em causa própria, que meus assessores deveriam estar internados. Me chamaram até de deputado sodômico. Aí eu processei, ganhei a causa e o dinheiro doei para o movimento gay.