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A incrível arte de um pé na bunda

Sophie Calle é uma artista francesa. A história dela é conhecidinha, tem ares de reality show aristocrático, já que ela não chega a ser um fenômeno midiático em se tratando de popularidade, mas isso não tira seu prestígio.

Há uns anos ela levou um pé na bunda. Recebeu por e-mail uma carta de seu companheiro rompendo a relação que tinham. A carta terminava com o irônico pedido "cuide de você". Ela, sensibilizada, não conseguiu responder o e-mail e resolveu transformar o chute que levou em uma obra arte. Uma não, várias.

Pediu então que 107 mulheres diferentes interpretassem aquela carta. Todas de profissão, origens, linguagens, idades e lugares diferentes. O resultado virou uma exposição intitulada "Cuide de você", que para comemorar o ano da França no Brasil, está agora no Sesc Pompeia. A montagem compreende músicas, interpretações textuais, vídeos, danças, performances e fotografias. Cada uma, a sua maneira analisando e respondendo o pé na bunda.

O resultado é interessante. A exposição no Sesc não está completa – vieram para cá 84 peças – mas está valendo assim mesmo. Não foi a melhor exposição da minha vida, mas também não chegou a ser ruim. Faz pensar e lembrar uns momentos tristes, por que, afinal, quem nunca sofreu por amor ou levou um pé na bunda? Nada que seja desesperador, para sair de lá chorando.

Só senti falta de uma traduçãozinha dos textos para o português. Tem uma resposta em grego na exposição. A que está em inglês está engraçada. Não li inteira, mas  achei cômico uma americana lendo e interpretando a carta de um francês – falando sobre a maneira formal e informal em que o ex de Sophie escreve. O irônico é que o inglês é uma língua chata. Uma palavra equivocadamente colocada em uma frase e a pessoa já se sente ofendida, tomanocu.

A Sophie e o namorado já estão se falando. Quem acompanhou a cobertura da Flip nos jornais sabe disso. A mesa em que eles se responderam e conversaram sobre seus processos criativos, a exposição que ambos tiveram e, claro, o fim do relacionamento, parece que foi disputada e lotada. Foi o primeiro encontro publico de ambos.

Sophie inspirou ainda um álbum do duo brasileiro radicado em Londres, Tetine. Bruno e Eliete compuseram, se não me engano em 2002, um álbum chamado Samba de Monalisa, com trechos de cartas escrito pela francesa. O CD é item raro, lançado por um selo inglês em uma coleção que misturava o trabalho de artistas diferentes. É bem diferente da linha eletro/funk/conceitual do Tetine. Está esgotado.

Eles, o Tetine, tocaram na abertura da exposição de Sophie no Sesc há duas semanas. Só foi uó a produção da exposição controlar a entrada do show na choperia. Muita gente que chegou depois das 21h e não conseguiu o adesivo que garantia o acesso perdeu metade do show enquanto alguns "privilegiados" surgiam, sorriam e sumiam.

Por que estou escrevendo isso? Sei lá, é porque gosto da arte produzida pós-decepções, principalmente amorosas, tipo Clarah Averbuck, Stefhany e por aí vai…

 

Ps.: Ah, só pra constar: Na semana passada fui ao Cine Marabá assistir a estreia de Harry Potter. O cinema ficou bem bonito depois da reforma. A sala em que assisti era stadium, grande, foda. E não. Não fui pro cine república .

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