Estava zapeando pelos canais, num verdadeiro frenesi em busca de algo que atraísse minha atenção – o que sinceramente, tem sido muito difícil -, não que eu seja muito exigente, pelo contrário, mas a programação (sobretudo da TV aberta) está cada vez pior no que se refere à originalidade e bom conteúdo. Pulo, pulo, pulo de canal e acabo num canal de propagandas que vende produtos espetaculares que mais parece uma versão miniatura de algo produzido na NASA… Enfim…
Bom, o fato é que estava passando pelos canais, quando me deparei com uma nova campanha publicitária que me chamou a atenção: era o comercial de uma picape da Nissan com não sei lá, quantos cavalos…
Vou começar minha análise dizendo que o comercial é muito bem feito e genial, pois, com elementos simples de animação e uma música infernal cantada pelos pôneis, os malditos, a campanha parece penetrar o local mais profundo de nossa mente e lá fica registrado. Devo admitir que a agência que criou tal campanha está de parabéns…
No entanto…
Depois de ver pela primeira vez e já perceber que algo de estranho tinha ali, fui procurar este babado na internet e achei uma versão ainda maior do mesmo comercial. E ai sim, vendo outras vezes, catei que a publicidade da Nissan, mesmo que de forma muito sutil, tinha um que de machismo e, por que não, de homofobia… E arrisco-me a dizer, até um pouco de xenofobia.
Confesso que fico meio receosa de ser aquele tipo que "vê homofobia em tudo", mas, depois de perguntar para algumas pessoas e, principalmente, depois de algumas pessoas me sugerirem que eu escrevesse sobre os pôneis malditos. Vamos a analise e minhas conclusões bem particulares:
Quando a picape falha e não desempenha a potência esperada pelo seu proprietário (os tais dos cavalos do motor) o motorista saí de sua picape, esbraveja um "pôneis malditos" e chuta o próprio carro. Nisso, a tampa do motor abre e surge um carrossel com pôneis, num cenário fofinho e abre um lindo arco-íris brilhante no céu e os cavalinhos estão cantando: "pôneis malditos, pôneis malditos venham com a gente atolar; odeio barro, odeio lama… que nojinho (sacudindo o rabo), não vou sair do lugar" e aí, um deles vai em direção ao motorista e diz "Te quiero!" E aí, uma voz de fundo diz para o consumidor escolher uma picape forte de verdade, ou seja, a da Nissan.
Os pôneis são todos fofinhos e delicados, com cores que o senso comum sempre associa ao universo feminino ou homossexual (o que é de uma simplicidade tosca de pensamento, claro!), além disso, diferente dos "cavalos fortes", os pôneis odeiam barro, e tem "nojinho" da lama. O interessante é que neste momento, quando cantam "que nojinho" eles levantam e sacodem o edi… Coincidência?!?!? E porque o pônei fala em espanhol com o motorista? Seria uma forma de lembrar a rincha ridícula entre brasileiros e argentinos?
Pra mim, não passa de um discurso machista, numa ratificação desnecessária do forte e do fraco, do masculino e do feminino (e quando digo feminino, incluo os homossexuais)… Até onde vai essa guerra dos sexos? Ou melhor, até onde vai este discurso da supremacia do macho??? Tão antigo… Tão cafona!!! Mas ainda surte tanto efeito no consciente coletivo… Prova de que realmente precisamos evoluir…
A canção dos pôneis não é nada frente à verdadeira maldição que eles sutilmente parecem disseminar… A maldição do preconceito…
Tá dado o recado…
Beijo, beijo, beijo… Fui…