Ela é fotógrafa e adora meninas. Daia Oliver foi um dos tesouros da minha vida em 2007. Por indicação de um amigo, conheci esta talentosa profissional, que fez as fotos do meu Guia GLS São Paulo.
Após contatos por telefone, marcamos de nos encontrar na redação da Folha Online. Depois de apresentar o projeto, resolvi tirar uma casquinha e pegar uma carona. Daia é dona de um Gurgel antigo, daquele tipo que costuma ir para a oficina.
Logo aprendi que, em São Paulo, para consertar um Gurgel, o único lugar confiável fica na av. do Cursino. Não dirijo. Mas o papo sobre carro com Daia me despertou para uma característica dela: a intensidade com que se envolve com projetos.
Ela tem disposição para a luta, enfrenta dificuldades, com muita garra e coragem. São garotas que erguem catedrais. Adoro trabalhar com colegas que se apaixonam pelo que fazem e espalham entusiasmo e otimismo ao seu redor.
Certa manhã de sábado, marcamos uma sessão de fotos no parque do Ibirapuera. Era minha chance de ver Daia em campo. Falei a idéia do que eu queria e, logo, ela desenrolou tudo, com muita maestria.
No final do trabalho, quando vi as centenas de fotos que Daia produziu, fiquei de queixo caído. A menina do Gurgel tem um talento extraordinário. Ao conversar com a equipe responsável pela montagem das páginas do guia, só dei uma orientação: Se tiver de sacrificar conteúdo para caber nas páginas, cortem o texto e priorizem as fotos.
Achar um bom fotógrafo é muito difícil. Principalmente para um trabalho com conteúdo gay. Nem todo mundo topa. O profissional das lentes precisa ter sensibilidade para captar a atmosfera de cada lugar, bom gosto para se posicionar e, principalmente, respeito com as pessoas que entram na sua mira. Daia brincou muito com luzes para evitar exposição desnecessária de gays e lésbicas em pistas de dança, em restaurantes, em bares. Quando a imagem permitia a identificação, ela conversava com a pessoa, falava sobre o projeto e pedia a devida autorização.
Claro que ela adorou bastante fotografar os points e festas das meninas de São Paulo. Sua orientação também foi muito importante quando escrevi sobre os points das dykes. Às vezes, encontrar pessoas talentosas e aprender com elas é o melhor tesouro da vida.