in

A nova direita e a volta da eugenia

É sintomático que a Câmara Municipal da cidade do Rio de Tenha aprovado na semana passada o PL 1082/2011 de autoria do vereador Carlos Bolsonaro (PP-RJ) que proíbe a veiculação de materiais didáticos a respeito da diversidade sexual nas escolas. Entre as varias e absurdas justificativas estão de que tais materiais querem ensinar o “errado” e o “desvio” às crianças. Sem contar o tom paternalista que a redação do projeto concede as escolas, como se estas fossem “pais e mães” das crianças. Não são. A escola é o espaço de libertação das mentes e não de formatação baseado em valores morais/ familistas.

Diga-se sintomático, pois, o PL de Carlos Bolsonaro não vem sozinho. Desde o famigerado veto ao Projeto Pedagógico “Escola Sem Homofobia” a direita fascista disfarçada de pentecostal ou católica, perdeu a vergonha e foi às ruas e, principalmente, aos espaços legislativos. Uma direita raivosa, que faz barulho, que acovarda a frente progressista, uma direita que está muito bem organizada e que tem um projeto político muito claro: uma sociedade higinenizada, nos moldes daquela sonhada por Hitler e Goebbels. Onde a miscigenação é a culpada pela violência, pelos sujeitos invertidos (as beeshas) e tudo o mais que esteja fora do projeto de uma sociedade “limpa” e “saudável”.

Esta direita que tem ocupado os espaços políticos traz de volta conceitos que tiveram muita força no Brasil do final do século XIX e XX, principalmente na Era Vargas, quando este governo, sem definir orientações sexuais, aplicou nas escolas o Manual do Aluno saudável, voltado para a disciplina de Educação física e que trazia uma série de requisitos de como o jovem masculino deveria ser “educado” para se tornar um “bom homem” ou “um homem de verdade”: forte, esportista, gentil com a mulher, trabalhador, viril… Estas e outras características faziam parte do tal material. A partir daí cria-se um tipo de homem que deveria prevalecer na sociedade brasileira à época. Fora deste padrão aplicava-se o termo “invertido” ou “desviado”, o tratamento para estes era a internação e medicação.

A ação conjunta destes parlamentares ao redor do Brasil nos deixa claro que há um projeto de poder sendo aplicado e parece que alguns parlamentares e partidos ainda não se deram conta e continuam a se curvar perante a estas ações que visam levar todos os sujeitos abjetos de volta para o sanatório.

Empresário Douglas Drumond, da saudosa sauna 269, se candidata a vereador de São Paulo

Victoria Haus ferve em Brasília com festa da turnê do Disponivel.com; veja fotos