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“A parada gay está caminhando para o fim”, diz DJ Paulo Agulhari

Para quem freqüenta a casa noturna Bubu, o nome Paulo Agulhari é um velho conhecido. Dj residenta da festa Fun! Paulo faz aniversário no domingo (09/11), mas a comemoração começa hoje com uma festa especial na própia Bubu. Ele conta em bate papo que haverá show da cantora Lorena Simpson. "Pela primeira vez no Brasil", anima-se o aniversariante.

Na entrevista o moço opina sobre quase tudo. Fala sobre o fechamento de casas noturnas ao longo do ano e critíca a postura da prefeitura nesse sentido. "É um absurdo a prefeitura fechar as casas por conta de um capricho". O Dj falou também que está triste com a parada gay e que esta "caminha para o fim". Sobre a noite paulistana ele revela acreditar existir "um grande mais do mesmo" e que entre as casa atuais o "Gloria é o que tentar resgatar as noites temáticas". Confira a entrevista a seguir. 

Quantos anos está fazendo?
33

O que podemos esperar da sua festa de aniversário?
Pra essa festa eu convidei o Gustavo Vianna para tocar, o Mauro Mozart de Belo Horizonte que é da Josefine, e vai ter o show de estréia da Lorena Simpson. É a primeira vez que ela canta em São Paulo e atualmente está estourada nas rádios com a música ‘Can’t stop loving you’.

Há quanto tempo você trabalha como Dj?
Faz vinte anos.

Como você iniciou a sua carreira?
Foi uma coisa que começou no susto. Eu tocava nas festas do meu colégio e a coisa foi crescendo. Comecei a tocar em festas de amigos e de lá pra cá só cresceu.

Você lembra qual foi a 1ª festa que você tocou profissionalmente?
Foi no clube Nents em Moema e que não tinha nada a ver com festa gay e lá foi a minha primeira residência.

Qual a sua opinião sobre a noite gay atual de São Paulo?
Está uma verdadeira bagunça, muita festa, muita coisa rolando, festa disso, festa daquilo e as pessoas estão confusas. Além de estar bagunçada está um pouco escampado para o lado da loucura.

Acredita que há muita repetição entre as casa noturnas, falta criatividade?
Falta criar coisas novas, hoje nós temos mais do mesmo. Mais igual a Bubu, mais igual a The Week, entendeu? Inclusive eu estou tentando mudar isso, a partir de amanhã estou indo para um novo projeto ali na Rua Augusta. A idéia é resgatar essa história do clubinho, vamos ver o que acontece a partir de amanhã.

Você não acha que hoje vivemos uma carência de festas temáticas?
Falta isso sim. Eu vivi boa parte disso por conta do Massivo (famosa balada gay dos anos 90), Disco Fever. Falta também as pessoas entenderem o que são as festas temáticas. Hoje ninguém mais entende isso e acha que festa temática é uma coisa cafona. A grande maioria das pessoas não entende, algumas esqueceram que já viveram isso e outras não sabem do que se trata.

Qual a sua opinião sobre a parada gay?
A parada desse ano em São Paulo foi decepcionante. Acho que a Associação da Parada ta querendo só trio de ONGs e eu acho que não é assim.

O que achou da ausência dos trios de casas noturnas na parada?
A parada está caminhando pro fim. São os trios dos clubes que faziam a história acontecer. A parada tinha que facilitar mais para os clubes e baratear os preços. É uma época de muitas festas e você ainda tem que investir mais no trio e assim a parada está perdendo o seu brilho.

O que você achou da reeleição do Kassab?
Achei ruim. Por que ela já começou a agir…

Eu ia perguntar isso. Qual a sua opinião a respeito da postura da atual prefeitura frente às casas noturnas?
Acho um absurdo fechar as casas dessa forma. Porque o clube não é só o dono do clube, tem muita gente que trabalha: barmen, gente da limpeza, o pessoal do administrativo e mesmo os DJs. Enfim, fica todo mundo sem emprego por causa de um capricho da prefeitura.

Esse diálogo com a prefeitura tende a melhorar?
Sinceramente, a meu ver, vai piorar.

E a Megga Fun, volta?
A Megga volta. Ainda não temos previsão para o retorno dela. Daqui a pouco isso vai virar um filme. Nós queremos fazer com que o projeto da Megga volte, mas isso não depende da gente, isso depende da prefeitura. E, com o Kassab de volta, isso vai ficar mais difícil.

O trabalho do DJ é mais respeitado e valorizado hoje?
Hoje em dia tem muita gente fazendo isso, mas eu nunca tive esse tipo de problema, sempre respeitaram o meu trabalho, sempre foi uma grande experiência por onde eu passei.

Falta originalidade?
Não tenha dúvidas. Falta às pessoas se profissionalizarem e irem atrás do que querem. 

Da pra se viver como DJ hoje no Brasil?
Sim. Se a pessoa se aplicar e for um bom profissional, ela consegue.

Existe alguma casa noturna hoje em São Paulo que você consegue apontar e dizer, "essa casa faz algo diferente"?
Uma casa que está tentando fazer algo diferente é o Gloria. Essas festas temáticas e agora tem o Boca que quer resgatar essa história de clubes menores.

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