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“A política LGBT é excludente no Brasil”, diz sociólogo Richard Miskolci

Na última sexta-feira (12/06), a III Mostra Possíveis Sexualidades, em Salvador, deu início ao ciclo de debates que compõe a programação do evento, que também inclui a exibição de filmes voltados para a diversidade sexual. A mesa de estreia discutiu a teoria queer, tese que ainda gera muita polêmica entre acadêmicos e militantes LGBT.

Quem falou sobre o tema foi o sociólogo Richard Miskolci, coordenador do grupo Corpo, Identidades e Subjetivações. Miskolci iniciou sua fala fazendo um panorama das manifestações queer culturais existentes no Brasil. "Hoje no Brasil, o que nós temos de manifestação queer são as bandas Teu Pai Já Sabe e Solange to Aberta, e o [festival] Queer Fest em São Paulo", destacou.

O sociólogo aproveitou para explicar que a teoria tem sua origem histórica nos anos 80. Para o pesquisador, a teoria queer busca "reavaliar a forma de relação das pessoas". Também ressaltou que, antes do termo existir, já era possível ver "manifestações queer em David Bowie, nos anos 60, e no Brasil com o Dzi Croquettes e Secos e Molhados".

De acordo com Richard Miskolci, o termo queer foi "apropriado antes pelos movimentos sociais e posteriormente pelos estudos acadêmicos".  O sociólogo lembrou que parte do movimento norte-americano considerava a palavra "orgulho" burguesa. "A palavra orgulho é classe média, quem quer ter orgulho é porque tem vergonha de ser o que é", disse. Por conta dessa reflexão, Miskolci explicou que o movimento social se aproveitou disso e se dividiu. "O movimento gay mais conservador se recusou a militar ou a participar de paradas gays com os queer", enfatizou.

Por conta do surgimento do movimento queer, a luta política gay nos Estados Unidos acabou por se dividir. "De um lado ficou o movimento mais conservador, que luta pelo casamento e adoção. Do outro lado os queer, que lutam pelo não enquadramento às normas, fazem crítica ao capitalismo e propõem uma outra cultura", explicou o professor.

Para Miskolci, o grande problema da política LGBT no Brasil é que ela "passa mais pela questão identitária do que faz uma crítica às normas socais". Para o pesquisador, a tríade heterossexual, homossexual e bissexual "é uma prisão heteronormativa". Por fim, Miskolci considerou que "as políticas identitárias mais dividem do que unem".

Serviço:
III Mostra Possíveis Sexualidades
Até o dia 17 de junho
Caixa Cultural Salvador – Rua Carlos Gomes, 57 – Centro – Bahia
Programação completa aqui.

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