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A posição da mulher nas eleições 2010

Se a questão das políticas públicas voltada para os LGBT passou e ainda passa invisível, o mesmo já não se pode dizer das mulheres. Seja em torno do aborto, ou, em torno da representação feminina na política. Mas, de que maneira a mulher foi pautada no pleito 2010?

Apesar de ter tido duas mulheres disputando a presidência da república no primeiro turno, Marina Silva (PV) e Dilma Rousseff (PT), e estas terem recebido cerca de 60% do votos contabilizados, quando analisamos as propostas de políticas públicas às mulheres constatamos que ainda são vistas como donas de casa e parideiras. Basta analisar a polêmica do aborto que está dando o tom neste segundo turno eleitoral.

Acuados pelo setor religioso, Dilma e Serra (PSDB) lançaram campanhas onde afirmam serem contrários ao aborto e a favor da vida. Como se a questão do aborto fosse ligado a morte e as mulheres que o fazem assassinas. Alem de criminalizarem as mulheres e as pessoas favoráveis a interrupção da gravidez, a campanha atual reforça o discurso da igreja, que há séculos trata a mulher como sujeito submisso e demoníaco.

A impressão que temos é que ainda estamos na era medieval, época das trevas e das cruzadas. Em que a questão do gênero ainda é legada a fossa. Se não o que dizer da única maneira que a lei Maria da Penha foi abordada? De maneira oportunista e caricata.

Não houve um debate a respeito do reforço da lei que é destinada a defender as mulheres da agressão, prática tão tolerada neste país machista. Como também nem sequer citado foi o PLC 122, que visa defender a comunidade LGBT da violência oriunda da homofobia, esta que é prima de primeiro grau do machismo.

A religião ainda consegue condenar mulheres e homossexuais ao silêncio do medo dos candidatos que temem perder votos ao defenderem o livre direito da mulher sobre o seu corpo e a equiparação de direitos aos LGBTs. Por conta dessa predominância da ideologia religiosa na política, a mulher não foi pautada como sujeito político ativo. Ainda é vista como ser passivo e frágil que precisa ser defendida do monstro do aborto. Mas, as mulheres não têm voz para decidir?

Nos anos 40 do século passado, a filósofa existencialista Simone de Beauvoir lançou o livro “O Segundo Sexo”, que seria o alicerce de parte do movimento feminista e segue sendo até hoje. Na obra, Beauvoir não apenas exorta a mulher enquanto sujeito frágil, mas vai além e repudia a dona de casa.

“Triste da mulher que se limitar aos afazeres do lar”, diz a filósofa. Pois bem, na próxima eleição vamos dar de presente para os ideólogos das campanhas exemplares do “Segundo Sexo” e, assim, eles enxerguem a mulher não apenas como voto, parideira e do lar.

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