Muita polêmica tem gerado a reportagem sobre jovens gays que a revista Veja traz na capa de sua edição do ultimo domingo. Cuja chamada é: “Ser jovem e gay – A vida sem dramas”. A intenção é boa, pois, estar de forma positiva na revista de maior circulação da América Latina é um ganho. Porém, a reportagem têm sérios equívocos jornalísticos que comprometem toda a sua boa intenção.
O primeiro erro e mais gritante é o fato de apenas jovens da classe media terem sido usados como fonte para a matéria. Outro erro é que apenas historias que deram certo ou que estão em vias D é que foram reportadas. Em certos momentos a matéria fica por demais inverossímeis. Temos a impressão de que a homofobia não existe, que é coisa de beesha paranóica.
E derrubar a tese da matéria de que os jovens estão mais tolerantes e que não carregam mais o esteriotipo gay (seja lá o que é isso) é ignorar coisas que aí estão. Para ficar num exemplo básico, o filme “As melhores coisas do mundo” que é retratado dentro da classe A. E o que vimos no longa metragem? A intolerância pura. Outro erro crasso da reportagem é afirmar sem qualquer tipo de dado cientifico de que o bullyng decorrente da homossexualidade está diminuindo.
No filme “As melhores coisas…” Mano, o protagonista apanha de uma turma por que o seu pai é gay. Veja bem, o PAI. No ano passado foi exibido “Profissão Repórter” cujo tema era o bullyng. Durante a gravação do programa um dos personagens se matou. Motivo: era gay e afeminado. E ele tinha apenas 14 anos.
Outro detalhe que chama a atenção e que a reportagem reforça uma três vezes é a questão de que os jovens gays de hoje não vão para boates GLS. Gente, da onde eles tiraram isso? Um final de semana apenas em que os repórteres tivessem se submetido a um bom trabalho de campo não teriam escrito tamanha bobagem. Não precisaria nem entrar nas casas, apenas ficar na porta da Bubu, The Week, Danger e veriam como os jovens repudiam os espaços gays.
Por fim, a matéria da Veja chega a ser higienista. Pois desconsidera as jovens travestis. Se baseia apenas em colégios particulares. Faz um recorte grosseiro que chega a ficar ficcional. E ainda por cima desqualifica o trabalhos das ONGs para os direitos LGBT. E sem contar que gastam apenas duas linhas e meia pra dizer que no Brasil não há leis nacionais e que os homossexuais dependem das jurisprudências, como se isso fosse a coisa mais normal do mundo. E dizem que exigir os direitos é algo fora de moda.
Aham Claudia…