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A UNIBAN legitima o machismo

Brandon Teena/ Teena Brandon (foto) foi um homem transexual assassinado no começo dos anos 1990 na cidade de Falls City, interior dos Estados Unidos. Geyse é (era) aluna da Universidade Bandeirantes (UNIBAN) e foi expulsa por usar vestido curto e por possuir corpo exuberante. Participantes da parada gay de Santo André, que aconteceu no último domingo (08/11), foram recebidos com bomba e gás de pimenta por parte da Polícia Militar, inclusive servidores do governo estadual de São Paulo. Todos eles estão ligados a um mesmo tipo de problema: O machismo/ Homofobia.

Quando pensávamos que a reitoria da UNIBAN fosse dar o exemplo e defender a aluna Geyse que foi vitima do pior tipo de misoginia, não, eles simplesmente compactuaram com aqueles alunos que gritavam em coro "puta, puta, puta!" e que desejavam estuprar a menina, pois ela usava vestidos curtos. Uma universidade que compactua com o machismo  não se mostra merecedora de ter licença para emitir diplomas. Como bem colocou Marta Suplicy, "universidade de taleban". No mínimo, toda a reitoria da UNIBAN deveria ser demitida.

A última semana foi sintomática. No domingo, (08/11), os organizadores da Parada gay de Santo André entraram em confronto com a Polícia Militar. Para eles é rotina. Desde 2005 que o povo da ONG ABCDS (Ação Brotar pela Cidadania e Diversidade Sexual)  enfrenta dificuldades para realizar pacificamente o ato. Mas, tudo piorou quando em 2008 a ONG denunciou o caso das travestis que tiveram a casa onde moravam invadida por policiais militares que queimaram todos os seus pertences, inclusive o cachorro de estimação. Desde então, a ABCDS é perseguida pela PM de Santo André.

E na última parada de Sto. André eles mostraram a que vieram. Apontaram escopetas para as pessoas que participavam da parada. Os trios com os documentos em ordem não puderam circular e no final o festival de pancadaria, onde PM masculino agrediu mulheres, o que é proibido por lei. Sem contar a agressão sofrida por Dimitri Sales, coordenador da CADS Estadual, que como servidor público presta contas ao mesmo patrão que os PMs, tentou apartar a agressão gratuita contra um jovem na parada, em vão, também foi agredido… Espero que investiguem de verdade.

Teena Brandon/ Brandon Teena ficou mundialmente conhecida/o quando foi interpretada pela atriz Hilary Swank, papel que lhe rendeu Oscar de melhor atriz. O filme é "Meninos não choram", dirigido por Kimberly Percy. Ao lembrar da historia do filme e onde se passa, extrema periferia dos Estados Unidos, lembrei-me da necessidade de parada gay em lugares como Santo André, local com forte freqüência de grupos neo- nazistas.

E, mesmo com toda a visibilidade que a parada gay promove na capital paulista, tal fato não se reverte em dados positivos em nenhum lugar do Brasil. A Polícia Militar não se intimida em agredir pessoas que estão pacificamente buscando visibilidade. Mas a equação é simples e fria: por trás de tudo é o machismo que impera. Por isso é inaceitável nos dias atuais posições como a da direção da UNIBAN. Esta compactou com o machismo e com o estupro, compactuou com o assassinato em 93 do jovem Brandon e legitima ações como a da polícia militar em Santo André.

Se para alguns que vivem nas capitais a Parada gay não tem sentido, seria bom repensarem. Locais como Santo André e Itaquera (e outras periferias brasileiras onde os LGBT vivem a margem de verdade) a parada e outras manifestações são necessárias, pois, se com elas inúmeros homossexuais e trans ainda morrem assassinados, imagine sem.

Enquanto o machismo não for erradicado não haverá paz e tranqüilidade para as mulheres e LGBT.

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