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Acusado de roubo e sexo gay, comandante do Hamas é morto por superiores

Mahmoud Ishtiwi, 34, era um comandante de uma tradicional família de defensores do Hamas que, durante a guerra de 2014 com Israel, foi responsável por mil combatentes e uma rede de túneis de ataque.

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No mês passado, seus ex-companheiros o mataram com três balas no peito. Acrescentando uma camada de escândalo à história, ele foi acusado de depravação moral, o que para o Hamas significa homossexualidade.

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E houve murmúrios de que ele havia talhado a palavra "zulum" (injustiçado) em seu corpo, numa espécie de último depoimento desesperado.

Sua morte tornou-se o assunto do momento nos bairros conservadores de Gaza, o território litorâneo da Palestina, discutido incansavelmente nas salas de estar, nos postos de controle e nos táxis.

Mas para observadores atentos da região isto foi mais substancial que uma telenovela. Ishtiwi, que deixou duas mulheres e três filhos, não foi o primeiro integrante da ala armada do Hamas, as Brigadas Izzedine al-Qassam, a ser morto pelos próprios companheiros.

O fato incomum é que seus parentes falaram abertamente sobre o caso. A família era considerada da nobreza do Hamas por ter abrigado líderes procurados por Israel, incluindo Mohammed Deif, o comandante do Qassam venerado pelos palestinos.

A mãe de Ishtiwi chegou a enviar a Deif, que perdeu um olho e membros, mas sobreviveu a diversas tentativas de assassinato por Israel, uma mensagem de vídeo em que pedia em prantos a libertação de seu filho.

Oficiais que faziam uma investigação poterior à guerra suspeitavam que ele tivesse desviado dinheiro alocado a sua unidade para a compra de armas. "Você tem dinheiro?", indagaram-lhe, segundo parentes. "Em que você o gastou?"

Ele admitiu que tinha guardado dinheiro destinado às brigadas, e assim, segundo sua irmã Buthaina, 27, "começou a telenovela da tortura".

A autoridade do Hamas disse que a rápida confissão de Ishtiwi despertou suspeitas de que ele ocultava algo maior. Começou uma investigação minuciosa, que incluiu soldados de Ishtiwi.

Membros do Qassam encontraram um homem que afirmou que fez sexo com Ishtiwi e forneceu datas e locais. Eles concluíram que o dinheiro que faltava foi usado para pagar pelo sexo ou para manter o homem calado.

Se as autoridades de inteligência de Israel sabiam que Ishtiwi era gay, deduziram as autoridades, talvez ele tivesse dado informações em troca de manter um segredo que, se descoberto, o teria transformado em pária em sua sociedade.

Surgiram rumores de que Ishtiwi havia dado às forças de Israel as coordenadas para uma tentativa de assassinato em 20 de agosto de 2014 contra Deif, que matou uma das mulheres dele e seu filho bebê. Mas não houve provas de que Ishtiwi realmente fez isso.

Ele foi açoitado, e os guardas tocavam música em alto volume em sua cela para impedir que dormisse. Samia disse que ele levantou a perna da calça para mostrar que tinha escavado a palavra "zulum" em sua pele com um prego, como mensagem caso fosse morto.

Isso não foi confirmado. O dia dez de agosto foi o último em que a família viu Ishtiwi.

Mais tarde, sua mãe enviou seu emotivo vídeo de oito minutos para Deif, o chefe do Qassam, suplicando-lhe que salvasse a vida de Ishtiwi.

Ela lhe lembrou que o havia abrigado com grande risco pessoal e suplicou: "Liberte meu filho." A família de Ishtiwi continuou pressionando as autoridades por sua libertação. A última dessas reuniões, com um importante pregador do Hamas e dois outros homens na casa alugada da família em Zeitoun, durou até as 2h de 7 de fevereiro.

Ishtiwi foi morto naquele mesmo dia, depois que fez suas orações da tarde.

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