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Adotar ou inseminar?

As pessoas sempre me perguntam sobre filhos, não só em relação à convivência com eles, mas também sobre sua gestação e, principalmente, sobre a vontade de ser mãe.

Bom, creio que a primeira pergunta a se fazer é: inseminar ou adotar? É importante que analisemos estes dois pontos porque eles se chocam muito e, muitas vezes, preferir um ao outro pelo desconhecimento ou preconceito pode ser danoso ao processo de maternidade, portanto, acima de tudo, cabe ressaltar que a adoção é um ato de amor, adotar é então tornar “filho”, pela lei e pelo afeto, uma criança que perdeu ou nunca teve a proteção daqueles que a geraram.

Adotar é um verbo conjugado em diversos tempos, é um verbo de ação, de reflexão, de transformação. Cada adoção é uma história única, construída pelos afetos e pelas leis, e deve ser vivida sempre com coragem e esperança. É preciso lembrar que a adoção é, antes de tudo, uma certa atitude frente à vida e seus desafios, uma atitude de quem sabe que o amor é uma das poucas coisas que, quanto mais é partilhado, mais cresce.

Já no caso da inseminação, aqui o que vale é a vontade de gestar intrinsecamente, de ver a barriga crescer, de sentir o bebê manifestar-se dentro do ventre, de sentir, inclusive, as dores do parto, passar por todo o processo da gestação, como parte da maternidade, além do desejo de que seu bebê tenha as suas características físicas.

E na adoção, não é diferente, o processo de gestação também ocorre, porém, ele não é intrínseco, ele não é de dentro para fora e, sim, de fora para dentro, porque devemos derrubar inúmeros tabus dentro de nós, da nossa família e da sociedade.

É necessário que se crie uma cultura de adoção aqui no Brasil, nosso país não tem essa cultura, nós não aprendemos que a adoção é uma das formas da gestação e é ainda mais ampla, porque os homens podem passar por esse processo maravilhoso que nós mulheres passamos.

Além disso, a próxima preocupação após a decisão de ter filhas ou filhos é: como criá-los? Será que a convivência com gays ou lésbicas tornaria nossas filhas ou filhos homossexuais? Com certeza não, afinal, somos filhas e filhos de pessoas heterossexuais na maioria das famílias e isso não nos tornou heterossexuais.

E como lidar com as diferenças das nossas famílias? Da mesma forma que a maioria das famílias lida com as diversas diferenças que há entre seus membros, qual família é igual à outra, mesmo sendo uma família tradicional? É neste sentido que devemos agir com nossos filhos e filhas, criando-os com responsabilidade, passando valores que os façam ser pessoas de bem, de paz e honestas.

Você é lésbica e quer ser mãe? Não tenha medo! Ter um filho ou uma filha é a melhor experiência que uma mulher pode vivenciar.


* Irina Bacci é lésbica, fundadora da INOVA, uma rede que luta pelas famílias LGBT.

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