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Afinal, pra que lado a balança da Justiça pesa?

 

Beeesha! Passada no dendê e salpicada no açúcar… Fala pra mim, é brincadeira, né? Devem estar de deboche com a nossa cara…
 
Semana passada e nesta segunda-feira, dois juízes deixaram a mim e a toda comunidade LGBT perplexos. Tirando os pelinhos pubianos na pinça, pra ver se passava o nervoso. Afinal, suas decisões provocaram, no mínimo, revolta e sentimento de injustiça.

O primeiro deles é uma nova celebridade: trata-se de Jeronymo Pedro Villas Boas, que ficou famoso em território tupiniquim após cancelar o primeiro registro de união homoafetiva do país há cerca de 15 dias, isso depois da aprovação unânime do Supremo Tribunal Federal. Faço questão de destacar esta palavra – UNÂNIME. Decisão que, como todos estamos atualizadíssimos, dá aos casais homossexuais (ou homoafetivos) os mesmos direitos que têm os casais heterossexuais. Alegando que o STJ está alterando a Constituição ao reconhecer como entidade familiar duas pessoas do mesmo sexo.

Em entrevista ao Fantástico, o tal show da vida, o juiz ainda dá um exemplo beeeeeem tosco. Ele imagina uma situação hipotética onde 10 casais homossexuais fundam um Estado, numa ilha deserta. Segundo ele este Estado não sobreviveria mais que uma geração, uma vez que os casais gays não se reproduzem e, por esta razão, não podem ser vistos, os gays, como uma entidade familiar. Daí, baseado nisso, e desafiando a decisão do STF, ele cancelou outra união homoafetiva. Lembrando um verdadeiro coronel dos livros de Jorge Amado, como quem dissesse: "… aqui mando eu!!!".
 
Só duas pergutinhas, senhor Jeronymo: 1. Quem falou pro senhor que casais homossexuais não reproduzem? Conheço diversos homossexuais (homens e mulheres) que têm filhos. Além disso, eu também tento bastante com meu marido… Tento mesmo, mas ainda não embuchei… (risos) e 2. Um casal, mesmo sendo heterossexual, mas um deles não podendo ou não querendo ter filhos, o senhor também vai cancelar os casamentos? Afinal, eles também não produzirão os filhos para a nação…
 
Baseado apenas nestas duas questões, eu concluo facilmente que sua decisão foi, muito provavelmente, baseada em conceitos religiosos e homofóbicos. Enfim…
 
O segundo juiz que me fez ficar com cara de boneca inflável (lembraram da cara da boneca, fazendo aquela expressão "ohhhhh!!!"?), foi  Marco Antonio Botto Muscari, da 4ª Vara Cível do Jabaquara, em São Paulo. Ele julgou improcedente o pedido de indenização de um casal que processou a doceria Ofner, por terem sofrido ação discriminatória de um dos funcionários da loja, que alegou que eles não poderiam se abraçar ali, pois seria um estabelecimento de família. Segundo a sentença do juiz, "ninguém, em sã consciência, é capaz de afirmar atualmente que dois homens ou duas mulheres não possam abraçar-se em local público. Tampouco é possível validar conduta de quem, diante de manifestação de carinho como essa, tente coibir aqueles que meramente se abraçam. A prova oral, em casos como o de que tratamos, é decisiva."
 
Eu, sinceramente, acho uma verdadeira palhaçada. O caso foi pra mídia, ganhou projeções nacionais e isso tudo não prova nada? Nem mesmo o relato da testemunha serviu? Tá estranho, hein, senhor Marco Antonio. Em relação à sua sentença só vou dizer uma coisa, uma coisinha só: vamos marcar um encontro, você e eu, eu vou desmontadinha, de ocó (se é que eu consigo!!!! Aloka!!) e a gente dá um giro de mãos dadas por diversos pontos da cidade – do mais chique ao mais bagaceiro – e aí o senhor me diz se alguém afirma ou não que dois homens ou duas mulheres não possam abraçar-se ou demonstrar carinho. Topa fazer o teste??? Eu estou disponível… Mas leve segurança, pois vamos precisar, essa cidade é uma verdadeira selva em relação aos homossexuais.
 
Ahhhh!!! Por favor, né gente? Pra cima de mim não… Eu, que já sabia que era gay, mesmo antes de ser (afinal, desde pequeno todo mundo já me chamava de viadinho) não aceito esses julgamentos sem me manifestar…
 
O pior de tudo, o que mais me pinga no desequilíbrio, são os sites ditos religiosos, noticiando esses julgamentos como se fossem verdadeiras vitórias contra o mal. E o povo querendo mudar o PLC pra proteger esse tipo de discurso? Ahaaammm… Senta lá, Cláudia!!!
 
Tá dado o recado…
 
Beijos, beijo, beijo… Fui…

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