Comecei a minha vida noturna aos 17 anos, na época freqüentava o Club BASE, era um lugar incrível, atrás daquela portinha discreta na Av. Brigadeiro aconteciam milhares de coisas. Porém, em 2000 a casa encerrou as suas atividades e ficamos um tanto órfãos, mas não por muito tempo, logo e eu uma amiga companheira até hoje de balada, descobrimos o clube A Lôca. Pronto, a nossa segunda casa estava pronta.
Naquele tempo o conceito underground cabia perfeitamente ao clube em questão, que freqüentou as festas de sexta e sábado entre os anos 2000 e 2002 sabe o que estou dizendo, realmente naquele tempo o conceito underground cabia perfeitamente a Lôca, todos os tipos lá se encontravam e o que dizer das festas Grind do querido Dj Pomba. Qual casa tocava naquela época Placebo, Sonic youth ou NIN? Nenhuma.
Mas, o tempo passa, em 2003 abriu o Atari, a Lôca já não satisfazia tanto, mais pelo público do que pela casa e naquele momento o Atari resgatava algo perdido, festas rocker GLS com héteros simpatizantes. Infelizmente, em 2005 a casa foi fechada por uma série de alegações. Aí não tem jeito, voltamos pra Lôca, e já estava diferente, sexta e sábado impossível, música uó e de domingo não tocava mais Marilyn Manson e sim Britney Spears.
Pois é, ontem (04/12) fui com amigos para a Lôca, pois de quinta-feira ainda da pra encarar. Estava sem beber (garganta zuada) pedi uma água, quando vou conferir a minha comanda fiquei passada: R$ 6. Como? Estou na Bubu? The Week? Pachá? Nada, a Lôca, o histórico clube "underground" da Rua Frei Caneca. Histórico pode ser, mas underground, sorry, não é mais.
As casas que citei é normal esse tipo de preço, só a entrada já se faz entender, não que eu concorde, pois uma garrafa de água sai por R$1,50 em qualquer padaria, na distribuidora por R$60 centavos. Os caras faturam mais de 300% em cima da água! E o clube A Lôca se rendeu ao Mainstream, não subverte mais nada, a não ser o nosso bolso.
O conceito underground é outra coisa que está bem perdida, qualquer coisa estranha as pessoas olham e falam "é alternativo", nem sabe o que está falando: só é alternativo quando há subversão, e no mainstream você não vai encontrar isso, não tenho nada contra, até gosto, mas a questão aqui é o conceito e ele está perdido. A Lôca já foi subversiva, Marilyn Mason já foi subversivo, Brian Molko não usa mais maquiagem… As coisas mudam, ora pra pior, ora para melhor, no caso da Lôca, para pior: água 6$, música ruim…