O autor Aguinaldo Silva, em entrevista ao jornal "O Globo" deste domingo (8), falou sua opinião sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal que legalizou as uniões entre pessoas do mesmo sexo.
"De uma pernada só, disseram que são todos iguais. Antes, essas pessoas não eram cidadãos completos, agora estão inseridas na cidadania", declarou o autor. Aguinaldo acredita que a decisão foi tomada de forma enfática pelo Supremo já que eles sabiam que pelo Congresso não seria possível.
"Não tinha como ser resolvido pelo Congresso. A bancada pentecostal teria que fazer acordo com a bancada rural, que teria que fazer acordo com outra bancada", diz o autor, que entende que os direitos de adoção de crianças por casais gays também estão garantidos. "Se todo casal heterossexual pode adotar, e os direitos são, a partir de agora, iguais para todos, então os casais gays podem adotar também", conclui Aguinaldo.
O autor disse ainda que achou a decisão tomada no país tardia. "Se a gente for pensar na América Latina, o Brasil tinha essa questão não resolvida. É um país muito aberto em termos de costumes, mas tinha essa hipocrisia. Enquanto países menos abertos na questão dos costumes, como o Equador por exemplo, já aprovaram isso".
Na entrevista, Aguinaldo relembrou também sobre seu trabalho como editor do "Lampião da Esquina". O jornal circulou entre 1979 e 1981 e defendia os direitos dos homossexuais. "Éramos 11 jornalistas, todos homossexuais, que resolveram fazer um jornal", conta ele. O jornal era processado constantemente pelo governo militar, que considerava que a publicação atentava contra a moral e os bons constumes.
Com a nova lei em vigor, Aguinaldo revela se pretende fazer uso da mesma e se casar. "Já tive duas relações longas, mas hoje não estou namorando. Aliás, estou mais na idade de ficar viúvo! Mas tenho muitos amigos heterossexuais casados para querer me meter nessa fria. Vejo os problemas que eles passam. Não sei por que esse pessoal quer tanto casar", brinca o autor.