Faz dois anos que a artista plástica e designer de moda, Aida Lucas Barbosa, 48, não vê a filha Angélica, a participante lésbica do BBB10. Desde que se formou em jornalismo, a mineira de Uberlândia evita contato com a mãe – o último encontro das duas ocorreu às vésperas do Natal.
Ao participar do reality show, Angélica talvez tenha aberto uma porta para seu reencontro e reconciliação com a mãe. Fora da casa, Aida torce e sofre pela jornalista, que há um pouco mais de duas semanas enfrentou seu primeiro paredão.
A artista plástica, que mora na comunidade rural de Santa Rosa dos Dourados, distrito da cidade mineira de Coromandel, a 170 quilômetros de Uberlândia, está em São Paulo visitando a irmã Madalena, e aproveitou para conversar com a reportagem do site A Capa.
Na entrevista, a difícil história de mãe e filha é aliviada por declarações amorosas e sinceras: "Tenho muita saudade da Angélica."
A senhora sempre soube da sexualidade de Angélica?
Não, fiquei sabendo quando ela completou 16 anos e me contou.
Houve alguma resistência por parte da família ao saber que Angélica era homossexual?
Por conta da família materna não houve nenhum problema, somos compreensivos e amorosos.
O que a senhora achou de sua filha ter se assumido em rede nacional?
Me senti orgulhosa por ela ter sido tão corajosa, mas me senti amedrontada, como acho que sentem todas as pessoas que sofrem discriminação, por não saber o que viria depois.
Qual é a avaliação que a senhora faz da participação de Angélica no programa? Acha que ela tem chances de chegar entre os finalistas?
Estou fazendo uma avaliação positiva, tendo em vista que ela está sendo simpática com todos os participantes da casa, não se vendeu, não provocou nenhuma intriga e despertou no Brasil uma oportunidade de debate sobre o tema da homossexualidade. Acho que ela tem chances sim, porque está jogando com o coração…
Por quem a senhora acha que Angélica nutre "algo a mais" no BBB?
Não sei responder esta pergunta. Talvez esteja cedo para dar um palpite.
Como foi a "saída do armário" da sua filha? Todo mundo aceita a sexualidade dela?
Foi numa conversa emocionante entre mãe e filha. Acho que nem todo mundo aceita a homossexualidade dela, porém todos que a conhecem a amam como a pessoa íntegra que ela é.
Além de Angélica, para quem a senhora torce no programa?
Para o Dicésar, pois vejo nele objetivos nobres, gosto das conversas que ele tem com a Morango, pois nelas ele ilustra muito o amor pela mãe dele.
O que a senhora acha da participação de homossexuais no BBB? Ajuda ou prejudica na imagem da comunidade LGBT?
Acho muito positivo, pois os três participantes gays foram muito bem escolhidos e representam muito bem suas tribos. É evidente que ajuda, como ajuda também qualquer pessoa que tenha motivos nobres.
A senhora está com saudade de Angélica? Sofreu muito quando ela foi para o paredão?
Tenho muita saudade da Angélica e sofri muito quando ela foi ao paredão. Principalmente quando ela chorou, pois uma mãe que ama seus filhos puxa um choro uterino ao vê-los chorar… Mas chorei mais ainda de emoção quando ela voltou do paredão, pois percebi que o Brasil quer ouvi-la.