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Alice

Quando a televisão brasileira quer, faz e põem no bolso muita coisa produzida por grandes canais estrangeiros. E, com certeza o seriado Alice, produzido pelo canal pago HBO-BR foi o que de melhor aconteceu na TV em 2008.

Mas, não é para menos. Foram escalados para dirigir e escrever o roteiro os diretores Karim Ainouz (Madame Satã e O céu de Suely) e Sergio Machado (Cidade Baixa), com certeza os melhores diretores que surgiram nos últimos quatro anos na cinematografia brasileira, seja pela capacidade técnica, seja pelo lirismo que imprimem em seus trabalhos, quem assistiu alguns dos filmes citados a cima sabe do que falo.

Pois bem. No domingo (14/12) foi exibido o último episódio do seriado Alice, cujo título é A flor da pele, nele se fechava – ou não – a encruzilhada na qual se meteu a personagem título da séria, muito bem interpretada pela atriz Andréia Horta que resolve reencontrar a sua mãe no deserto do Jalapão, bom só assistindo para saber, se eu contar perde a graça e se você não viu, acha fácil na internet para baixar.

O programa vai deixar saudades, nunca vi a cidade de São Paulo tão bem retratada, ao invés de se focar nos bairros mais chic ou coisa do tipo, os diretores optaram pelas regiões do Brás, Centro Histórico da cidade, Rua augusta… Sem contar os takes panorâmicos de Sampa, de tirar o fôlego, as vezes tais takes pegavam o sol nascendo, ou a cidade como é, no caso, completamente cinza. E a trilha sonora, foda!

As personagens que circundavam o mundo encantado/maldito de Alice também são singulares. Destaque para Luli, tia lésbica de Alice magistralmente interpretada por Regina Braga, grande atriz. Dora, a namorada de Luli outra grande personagem. A vizinha de Alice, Monique, que ganhou vida com a querida Sílvia Lourenço.

Vale um parágrafo os amigos  de Alice, um núcleo que fez um retrato bem verossímil de uma parcela da juventude paulistana. Dani, que no meio da séria em crise com a cidade, vai embora para Barcelona, Teo, que é apaixonado por Dani e por Marcela, que é modelo em crise com a carreira e que também é apaixonada por Dani. E o que falar da chefe de Alice, a Renata? Guta Ruiz materializa muito bem a típica chefe bem sucedida de uma agencia de publicidade e aparentemente amarga. Enfim, há muito mais na série, impossível de colocar tudo aqui.

Alice é a prova de que, quando a televisão brasileira quer, faz bem e investe pra isso, ta certo que a HBO não é brasileira, mas tem cada vez mais investido em séries por aqui, vide Filhos do Carnaval. Quem também fechou o ano com chave de ouro foi a Globo ao bancar mais uma psicodelia do grande diretor Luis Fernando Carvalho (Lavoura Arcaica), no caso, a micro-série Capitu, uma visão pessoal de Carvalho sobre a eterna obra machadiana. Inteligência e bom gosto ainda é possível na TV Brasileira, espero  que em 2009 eu seja surpreendido por coisas assim.

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