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Almodóvar & Banderas: o affair volta às telas

A parceria de um cineasta com sua musa ou muso nas telas já rendeu e rende grandes momentos da história do cinema. Federico Fellini & Marcello Mastroiani, Woody Allen & Scarlett Johansson, Tim Burton & Johnny Depp… e Pedro Almodóvar & Antonio Banderas.

Já em seu segundo longa-metragem, o cineasta espanhol contava no elenco com o jovem Banderas. Em "Labirinto de Paixões" (82), o ator interpretava Sadec, integrante de um grupo terrorista que pretende sequestrar um jovem príncipe do Oriente Médio. Sadec era gay, e tinha como principal talento o faro canino – graças a esse trunfo, ele descobre que o rapaz por quem está apaixonado depois de uma noite de sexo é justamente o príncipe Riza Niro.

Em "Matador" (86), novamente Banderas atuava sob a batuta de Almodóvar, desta vez como Angel, um perturbado pós-adolescente cuja sexualidade ambígua o leva a se envolver em uma série de crimes. O personagem não era propriamente gay, mas a carga erótica que o cercava e sua admiração apaixonada por um professor valem para inclui-lo nesta lista.

Já em "A Lei do Desejo" (87), Banderas fazia seu maior tour-de-fource gay até aquele momento: no papel de Antonio, mais um desequilibrado sexual, ele se aproximava do personagem Pablo, um cineasta gay, e da irmã transexual deste, Tina (interpretada por Carmen Maura). O romance entre os dois homens vai de vento em popa, até Pablo descobrir que o assassino de seu namorado anterior é Antonio. O clima fica tenso e a paixão vira uma obsessão doentia. O ponto alto, claro, é a cena de sexo em que Banderas surge na posição de frango assado, na cama com o personagem Pablo.

Tal cena foi o estopim da briga posterior entre Almodóvar e Banderas. Segundo consta, o ator quis proibir a circulação do filme nos EUA na década de 90, quando iniciou sua carreira em Hollywood – para evitar que manchasse sua imagem de "latin lover". O clima de animosidade entre diretor e ator só terminaria na cerimônia do Oscar de 2000, quando Banderas subiu ao palco para entregar a Almodóvar o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro por "Tudo Sobre Minha Mãe" (99).

Ainda assim, o diretor alfinetou seu antigo discípulo em "Má Educação" (04): o personagem de Gael Garcia Bernal é um sórdido aspirante a ator, que tenta seduzir o cineasta interpretado por Fele Martinez para conseguir se destacar na carreira. Ao final, um letreiro conta o desfecho do personagem: fez sucesso em Hollywood, se casou com uma atriz famosa…

Boatos à parte, o fato é que além dos três personagens gays, Banderas ainda atuou para Almodóvar em "Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos" (88), onde fazia um riquinho nerd, e "Ata-me!" (90), encarnando o protagonista sequestrador.

Agora, vinte anos depois, a parceria volta à tona. Almodóvar pretende rodar seu novo filme, "La Piel que Habito", ainda em 2010 e contará com Banderas no elenco. Trata-se um filme de terror "sem gritos e sustos", segundo o cineasta. "E o personagem de Banderas será brutal".

Resta esperar o que esse "caso de amor" cinematográfico ainda vai render. 

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