O aclamado diretor de cinema, Pedro Almodóvar, pediu a Bento XVI que reconheça as famílias homossexuais. Almodóvar, gay assumido, disse ao jornal El Mundo que o papa "Bento XVI deve reconhecer que existem famílias diferentes". Para ele, "há milhares de pessoas que vivem de maneira diferente daquela imposta pela Igreja Católica e é uma loucura que a Igreja ignore isso". O diretor ainda afirmou que o papa "deveria dar um passeio fora do Vaticano e ver como realmente são as famílias".
"Há mais de vinte anos a família tem sido composta por um grupo de pessoas que constroe um núcleo central onde o amor se dá independente da orientação ser gay, travesti, padres separados, ou transexuais", divagou o diretor a respeito do sentimento e da resistência da Igreja Católica em reconhecer a diversidade das famílias atuais.
As declarações de Almodóvar foram feitas durante o lançamento do seu novo filme, "Os abraços tortos", na Alemanha. Na ocasião ele aproveitou e falou da sua ligação com o fazer cinema. "O cinema para mim é que nem uma droga. Necessito dele assim com um viciado precisa dela para injetar", disse o diretor.
Vaticano responde
Frente as declarações de Almodóvar, o Vaticano respondeu através do presidente do Tribunal Vaticano e reitor da Universidade Lumsa, Giuseppe Dalla Torre. Para ele o "papa Bento XVI não precisa sair do Vaticano para se dar conta da existência de certos fenômenos sociais". Della Torre disse ainda a Almodóvar que a "Igreja está presente em todos os aspectos da vida humana e sabe muito bem como funciona o mundo".
Sobre a nova realidade da família a qual, segundo Almodóvar, é composta hoje por vários personagens sociais e não apenas por aqueles tradicionais que conhecemos, Giuseppe Dalla Torre as classificou como "marginais". Para o religioso, o fato de a família heteronormativa existir em número maior do que as homoparentais, justifica a marginalização das uniões gays.