Depois do masculino “Má Educação”, o cineasta espanhol Pedro Almodóvar volta a falar com e para o sexo feminino no excelente “Volver”, que narra a história de uma mulher simples enfrentando uma tragédia envolvendo sua filha adolescente e o padrasto da menina. “Volver” marca o reencontro do diretor com sua outrora musa Carmen Maura, estrela do magnífico “Mulheres à beira de um ataque de nervos”, de 1988. Carmen é a mãe morta de Raimunda (Penélope Cruz) e Sole (Lola Dueñas), que reaparece para as filhas, a fim de resolver assuntos pendentes. O filme passa longe de ser surrealista. A morte é tratada com um viés concretista, bem real. “É um filme sobre a cultura da morte em minha terra natal, La Mancha. Meus conterrâneos convivem com ela com muita naturalidade”, explica o diretor. O filme também traz Penélope de volta à Espanha, depois de cinco anos de carreira internacional. “Não há espetáculo mais impressionante do que ver, no mesmo palco, como os olhos dela, secos e ameaçadores, começam a se encher de água”, derrete-se Almodóvar. Após perder a Palma de Ouro em Cannes, a nova película do gênio manchego é a indicação da Espanha para o Oscar e tem boas chances de ganhar. “Volver” entra em cartaz hoje, nas principais salas de cinema.