Após o beijaço realizado no Centro Acadêmico de Veterinária da USP no dia 31 de outubro, os alunos da universidade junto com a Associação de Moradores da USP (AMORCRUSP) e o grupo CORSA organizaram uma nova manifestação.
Mas, desta vez, foi na porta da reitoria da Universidade de São Paulo. Com microfones em mãos, os alunos fizeram protestos sobre o ocorrido e chamaram a atenção da diretoria e de todos que passavam por lá.
Quem deu o ponto de partida à manifestação foi Dario Neto, do grupo CORSA e um dos organizadores do ato. Em sua fala, lembrou aos presentes de outros casos de discriminação ocorridos na USP, "não é a primeira vez que acontece um caso de homofobia aqui, não podemos esquecer dos casos das lésbicas na USP leste, que foram agredidas pela PM".
Dário disse à reportagem do A Capa que a manifestação serve para quebrar uma lenda de "que nesses espaços acadêmicos não há homofobia. Aqui na USP existe uma grande hipocrisia. Não é porque a pessoa estuda que não será, ou é, homofóbica. O outro objetivo do ato é o de dialogar com a comunidade daqui", disse
Jarbas Rezende e Eduardo Goes, os alunos que foram vitimas de homofobia no C.A de Veterinária, marcaram presença. "Essa manifestação serve para não deixar cair no esquecimento o que houve, para incomodar mesmo. Senão passa, todo mundo esquece e ninguém faz mais nada", disse Jarbas. Em seu discurso, Eduardo ressaltou a importância de se fazer a luta contra a homofobia "diariamente dentro e fora do campus".
Manifestação itinerante
Por volta das 15h, os organizadores subiram em um mini trio elétrico e fizeram um protesto itinerante que circulou por todo o campus da USP. Com caixas potentes de som ligadas no último volume, os alunos e pessoas que resolveram seguir o trio gritaram frases de efeito contra a homofobia.
Vale destacar a criatividade, o senso de humor e algumas frases proferidas pelos universitários. Entre elas, "povo da FFLECH, sai do armário", "mulheres beijam na boca, homens também, e isso é legal".
Ao passar em frente a Guarda da USP, gritavam "povo da Guarda, mais tolerância com os homossexuais". Depois, no prédio da Academia da Polícia Militar, "militares saiam do armário que aí tem gay horrores". A última e mais criativa, foi quando o trio parou em frente ao prédio da Veterinária, "povo da veterinária, cuide bem do seu viado".
Acordo
Na terça-feira (11/11), houve encontro dos alunos Jarbas e Eduardo, Dario e Rick Ferreira do CORSA com a Drª Suely Vilela – Reitora da USP; o professor Adilson, prefeito do Campus; e com o diretor da Faculdade de Veterinária, Adolpho Ribeiro Neto. Durante a reunião, foi relatado todo o caso aos diretores. Em seguida, propostas foram apresentadas à reitoria da USP.
Entre elas, propuseram a criação de um grupo junto a Pró-reitoria de Cultura e Extensão para organizar seminiários onde se discutirá a questão LGBT na USP e aludiu-se sobre a necessidade da Universidade de São Paulo ter políticas voltadas para a diversidade sexual. Ao fim da reunião, a reitora Suely prometeu baixar uma portaria até o final deste ano.
Jarbas e Eduardo disseram ao A Capa confiar na palavra da reitora. "Se não fizer, nós voltaremos a protestar. Mas acredito que ela irá fazer, pois a USP está atrasada no que diz respeito a políticas de inclusão e a diversidade frente a outras universidades", disse Jarbas. "Durante a conversa ela se mostrou entusiasmada, quando soube do caso quis saber como aconteceu. Por isso acredito e espero que ela baixe essa portaria", finalizou Eduardo.