in

“Amo os gays”, diz Vanusa que será madrinha da Parada Gay de Santo André

Vanusa é uma cantora com vasta biografia no cenário musical brasileiro. Iniciou a sua carreira em 1966, quando participou de programas do extinto canal de TV Excelsior. No mesmo ano, ela assinaria o primeiro grande contrato com a RCA e lançaria o sucesso "Pra nunca mais chorar".

Depois do primeiro hit, a carreira de Vanusa explodiu e ela caiu na graça popular. Em 1973, ela lançaria o seu maior sucesso, "Manhãs de setembro". Seria também a partir da década de 70 que ela começaria a ganhar prêmios por conta de seu talento musical. O primeiro aconteceu em 1974, quando foi vencedora da categoria de revelação feminina no Festival de Piriápolis, realizado no Uruguai.

A ligação de Vanusa com a comunidade gay se iniciaria com a música "Mudanças", onde a cantora vocifera a intenção de transformações em sua vida e em dada estrofe diz que vai limpar o seu armário, sair de dentro de si e se tornar uma mulher. Até hoje há muitas drags que ainda interpretam a canção em seu show.

Na entrevista exclusiva que você lê a seguir, Vanusa conta que não esperava que a canção "Mudanças" fosse ter essa aceitação e acolhimento pela comunidade gay. Ela acredita que isso aconteceu "porque a música passa uma mensagem de incentivo e de força".

Vanusa fala também do remix da música "Eu sobrevivo (I Will survive)", feita em parceria com o DJ Moraes. Também conta a respeito da sua participação na Parada Gay de Santo André, que acontece neste domingo (25) e de sua interpretação do Hino Nacional na Assembleia Legislativa de São Paulo, que ela classificou como "trágica".

Como você recebeu o convite para ser madrinha da Parada Gay de Santo André?
O convite foi em função do lançamento do remix de "Eu sobrevivo". Foi uma união oportuna. A Parada ajuda a promover o remix e vice-versa.

Já participou de outra Parada Gay?
Sim, e foi bárbaro. É uma experiência muito legal, em todos os aspectos.

Como surgiu a parceria com o DJ Moraes para fazer a versão remix de "I will survive"?
Foi obra do destino. Comecei a adicionar DJs aleatoriamente no Orkut. Depois fiz convite para fazerem o remix e expliquei a ideia. O DJ Moraes foi um deles e topou na hora. Conversamos pelo MSN e ele me ligou no mesmo instante para fechar a parceria. Eu não sabia que ele era DJ da Le Boy [boate carioca] e muito menos que era DJ do momento no Rio. Não foi nada planejado ou estudado. Foi coisa do destino, literalmente!

O lançamento do single será realizado na casa gay Le Boy. Você já fez outras apresentações em casas GLS?
Não, mas adoraria. Eu já fui DJ numa noite na festa Trash 80’s, no clube Caravaggio. Foi sensacional. Em casas GLS eu só fui prestigiar algumas travestis que me dublavam e para receber prêmios, mas adoraria ir.

Até hoje há drags que interpretam a sua música "Mudanças". Na época você esperava que a música fosse acolhida pela comunidade gay? E por que acha que isso aconteceu?
Não esperava não. Acho que isso aconteceu porque a música passa uma mensagem de incentivo e de força. Uma mensagem positiva de que é necessário mudar. Esta mensagem de mudança foi recebida pelos homossexuais em outro contexto: a de mudança de atitude diante de sua própria sexualidade. No meu Orkut recebo muitos depoimentos de pessoas dizendo que resolveram assumir sua homossexualidade depois de ouvirem "Mudanças", o que me orgulha muito. No México, a música é um hino das mulheres e dos gays e foi gravada por 7 cantoras top. Fizeram até um filme tendo ela como trilha e com o nome "Mudanzas". No Youtube tem vídeos de travestis mexicanas dublando "Mudanzas", o que prova que o tema é universal e que a sua identificação com o universo GLS ultrapassa fronteiras e será eterna, pois sempre existirá um adolescente que vai buscar forças na mensagem para promover a mudança que vai trazer a paz e a satisfação interior diante de sua opção (sic) sexual.

Como foi ser condecorada a Rainha do primeiro Gala Gay de São Paulo?
Emocionante! O meu fã clube gay é muito grande, ativo e fiel. Eu amo os gays e eles me amam e isso independe de eu estar fazendo sucesso ou não, de estar na mídia ou não. Como o ano de 2009 foi extremamente negativo para mim, começar 2010 sendo escolhida como rainha do primeiro gala gay de Sampa foi muito simbólico e significativo. Me deu muita força, me ajudou a recuperar minha autoestima e me deu a certeza que 2010 será o ano da Vanusa.

Os homossexuais ainda não podem adotar e nem realizar união civil no Brasil. Qual a sua opinião a respeito disso?
Mas isso está mudando. Já foram obtidas muitas vitórias neste campo. Acho que é uma tendência irreversível. A Justiça já permite a adoção e união de casais homossexuais e a sociedade vem reagindo muito bem a isso. Já existe inclusive uma igreja que celebra casamentos de gays, o que é muito bom, pois Deus é amor.

A sua apresentação na Assembleia Legislativa de São Paulo lhe fechou portas?
Não, mas também não serei hipócrita de dizer que foi bom. No primeiro momento foi trágico, depois começou revelar aspectos positivos. Um deles foi a juventude que passou a conhecer meu trabalho. Virei pop! Outro foi no campo profissional. Convites para fazer comerciais ganhando uma boa grana e estou para assinar com uma gravadora muito bacana. Pois é, como eu digo: somando os 3 vídeos que existem no YouTube do episódio, dá mais de 3 milhões de acessos. Se 5% comprarem meu próximo CD será um sucesso de vendas. Meu atual companheiro costuma comparar o incidente do hino com uma goleada do seu time preferido: todos temos nossos times de futebol e somos apaixonados por eles, quando eles perdem um campeonato ou são goleados por algum adversário, não deixamos de torcer. O mesmo aconteceu comigo, meu público não me esqueceu, não me abandonou e ficou do meu lado e isso me dá forças, serve de incentivo para fazer de 2010 o meu ano.

Igreja Católica do RJ critica união e adoção gay no Plano Nacional de Direitos Humanos

Return of the Ankh – Erykah Badu