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Análise: Lobby religioso moldou as eleições 2010, mas bancada evangélica diminuiu

Há três meses, quando tiveram início as campanhas para as eleições 2010, teve-se a impressão de que temas como a união civil entre homossexuais, aborto e drogas pautariam as propostas dos candidatos majoritários. Porém, o que se observou foi um fortalecimento das forças religiosas reacionárias e como estas conseguiram moldar o discurso dos candidatos e fazer com que os temas "polêmicos" desaparecessem das campanhas.

Tal sintoma se revela gritante neste momento com as urnas do primeiro turno apuradas. Segundo os estrategistas da campanha de Dilma Rousseff (PT), a questão do aborto somado ao caso Erenice Guerra fizeram com que a candidata fosse ao segundo turno. Para tentar reverter este quadro de perda de votos entre os religiosos, Gabriel Chalita (PSB-SP), ligado à Igreja Católica, e Marcelo Crivella (foto, PRB-RJ), da Universal do Reino de Deus, já disseram que irão a campo dialogar com os seus correligionários para estancar a dúvida em relação à Dilma na questão do aborto.

Ontem, terça-feira (05), a rede social Twitter virou palco de guerra entre tucanos e petistas. Os perfis ligados aos respectivos partidos passaram o dia inteiro disparando mensagens onde ora acusavam Serra ser a favor do aborto e vice-versa. Um retrocesso puro, pois, na sanha de conquistar o voto religioso, tanto Serra quanto Dilma mentem ao dizerem que são contra o aborto. Quem acompanha a vida de ambos sabe que historicamente os dois apoiam não só o aborto, mas também a união civil gay e um debate a respeito da descriminalização das drogas.

Em 1963, houve a grande "Marcha da Família com Deus pela Liberdade", que pregava nas ruas que o Brasil seria dominado pelos "comunistas e assassinos de criancinhas". A marcha era formada pelos grupos mais reacionários ligados aos setores religiosos de então. Hoje, assistimos a uma nova versão: já não se fala de comunismo, mas a "marcha da família com Deus" do século XXI quer ver a sociedade livre do aborto, dos homossexuais e deseja que os usuários de drogas sejam jogados na cadeia.

Agora resta saber se Dilma e Serra irão se curvar diante dos grupos religiosos e assinar termos onde se comprometam a não legislar favoravelmente em relação ao aborto e a união civil homossexual. Engana-se quem acha que toda essa gritaria religiosa em torno do aborto vem sozinha, ela inclui também a questão dos direitos gays.

Bancada evangélica diminuiu
Apesar do cenário um tanto obscuro em torno da campanha presidencial, a comunidade LGBT pode comemorar. Pelo menos por hora, a bancada evangélica sofreu um revés nesta eleição e terminou menor. De 40 deputados ligados às igrejas pentecostais, apenas 36 se elegeram. São quatro a menos. Já os partidos ditos progressistas fizeram maioria.

Para o Senado, três evangélicos se elegeram: Marcelo Crivela (PRB-RJ), Magno Malta (PR-ES) e Valter Pinheiro (PT-BA). Do outro lado do Senado, a notícia é melhor: a bancada dos partidos progressistas fez maioria e detém 60% das cadeiras. Com isso, consegue aprovar, por exemplo, o PLC 122.

Com a bancada evangélica em minoria, já não há mais espaço para desculpas, ou será que Marcelo Crivella e Magno Malta ainda continuarão a impor derrotas aos projetos de lei LGBT?

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