Atualmente, o clube noturno The Week virou referência no que diz respeito a noite gay paulistana. Agora, também no Rio de Janeiro, tornou-se uma das baladas mais procuradas.
Por trás desse mega empreendimento, está o empresário André Almada, que começou a sua carreira como relações públicas da São Paulo Fashion Week no ano de 2000. Em 2002, organizou uma festa no extinto clube Ultralounge, que também se tornaria sucesso, a Toy. Com a festa, o empresário lotava o clube que tinha capacidade para 500 pessoas, chegou a levar 900 em uma única noite.
Em 2004, André daria um grande passo em sua carreira e abriria a The Week, casa que renovou o conceito da noite paulistana, ou como ele mesmo diz, "a TW levou a noite para os holofotes, mas de uma forma diferente, sem ser gueto".
Confira a seguir a entrevista na íntegra.
Quando soube que seria homenageado com o título de Cidadão Paulista?
Essa história começou há um ano quando o vereador Antonio Carlos Rodrigues (PR) soube da existência da The Week e do papel que desenvolvo, o meu envolvimento com o mercado GLS e para a cidade como negócio. Uma casa que comporta não só GLS, que emprega várias pessoas e que também é importante enquanto turismo para São Paulo. Então, o vereador ao me conhecer e saber da minha história – daquele rapaz que veio do interior da cidade e teve tal conquista – e da relevância do meu trabalho ele resolveu me homenagear.
Como se sentiu?
Senti-me lisonjeado, com meu trabalho reconhecido.
Já escreveu o seu discurso? Pode adiantar alguma coisa para nossos leitores?
É segredo, né? Na verdade, rabisquei algumas coisas, e é assim: começo a escrever, aí em seguida já não é mais aquilo o que quero falar, aí começo de novo. Mas, na verdade, será um discurso de agradecimento a todos aqueles que me apoiaram e acreditaram em mim e para os que me admiram.
Acredita que a comunidade LGBT vive um momento de grande visibilidade?
Sem dúvida, digo isso pela própria Parada, que é a maior do mundo e que nos colocou num tempo para além do que é vivido no Brasil. Nos equiparou com as capitais de primeiro mundo. Eu tento sempre contribuir oferecendo diversão. Durante todo o ano, o local funciona para isso. Claro que na época da Parada é especial e eu contribuo para que cresça.
A The Week levou a noite gay para outro patamar?
Creio que ela profissionalizou, tirou do gueto e nos colocou nos holofotes, sem estereótipos, de forma bacana. Mostrou que somos um seguimento integrado com a sociedade, contribuiu para diminuir o preconceito. Hoje os heterossexuais vão para a TW, ou para outro clube GLS, porque sabem que vão se divertir da mesma maneira.
Estamos na véspera das eleições, você está apoiando formalmente algum candidato a prefeitura?
Na verdade, o meu voto é secreto né? Por ter um negócio eu me mantenho neutro, para também não influenciar no voto. Portanto, neste momento, não posso me envolver. Tenho um negócio a zelar. Também acho que as pessoas devem escolher um candidato pelas propostas, por isso não dou opinião.
Mas, você foi visto no encontro do candidato Geraldo Alckmin com os LGBTs.
Porque fui convidado. Se a Marta tivesse me convidado eu teria ido. Estou aqui para somar, independente do candidato que vença, eu tenho que estar junto para poder somar pela comunidade LGBT. O Kassab já foi à TW, mas ele deixou claro que estava indo enquanto prefeito para conhecer a casa. Por isso falei que me mantenho independente.
Há pessoas que dizem que hoje temos que votar em candidato que não apenas apóie as demandas LGBT, mas em candidatos que sejam gays de fato. Qual a sua opinião a respeito?
Não tem nada a ver. O fato de o candidato apoiar, gay ou não, não quer dizer que ele cumpra o que prometeu. O que vale é o plano de governo, o candidato pode ser gay e ao chegar não fazer nada. Portanto, temos que votar em pessoas que trabalhem pela diversidade, independente de ser gay ou não.
Você tem pretensões de sair candidato a algum cargo político?
Já fui convidado, já pensei a respeito também, não vou dizer que nunca irei tentar. Se um dia isso for acontecer, terá que ser na hora certa, se eu sentir que é o momento. Tenho uma meta de permanecer por mais dez anos trabalhando com a noite, tenho outros projetos para fazer e calculo que será esse o tempo necessário. Então, se for para eu entrar no mundo da política, tem que ser 100%. Hoje também não posso entrar, porque teria o rabo preso com a noite. Você sabe, se me elejo para algum cargo, aí vem aquele conhecido da noite pedir ajuda para alguma coisa. Portanto, preciso estar livre para ajudar mesmo a comunidade. Mas não descarto a idéia.