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André Garça, do Cena Carioca , solta o verbo sobre noite e seus produtores

Ele é produtor do selo de festa E.njoy e editor do site Cena Carioca. , referência no Rio de Janeiro sobre noite, festas e música. Geminiano, 27 anos, polêmico, crítico e objetivo… André Garça solta o verbo nessa entrevista e nos antecipa com exclusividade o que a produção da E.njoy preparou para a próxima festa desse sábado. O que você acha que está faltando na noite do Rio de Janeiro? Muitas coisas! Falta público interessado em boa música e que tenha consciência de que se ele não frequentar a noite, ela morre. Porque é um business também. Faltam clubes; bons clubs, que nasçam para serem clubes e não um prédio antigo mal-transformado. Falta uma política de entretenimento; isso a nível nacional! E essa falta de recurso para o produtor, para o empresário, para o investidor, para o público, está relacionada com toda carência que eu disse até aqui. E falta união em algumas cenas, dos produtores mais antigos. A galera nova se relaciona melhor. Tem outras motivações, mas vai demorar um tempo ainda pra todo mundo ter um trabalho realmente profissional e relevante. Mas eu acredito que estamos em dias melhores no Rio. Qual a grande diferença entre a noite do Rio e São Paulo? Em São Paulo é tudo maior e mais dividido. É natural. Não cabem todas as pessoas dentro de um mesmo clube, uma mesma noite. Existem várias coisas acontecendo ao mesmo tempo, da mesma forma que tem dias em que a maioria se concentra em algum evento. Mas já fui pra Sampa algumas vezes e achei as opções fracas, fora o sábado. No Rio, as cenas se misturam e, quando muito, tem um lugar onde todos irão naquela noite. Mas tem melhorado. A festa E.njoy já comemorou 2 anos. Como surgiu a festa? Foi tudo tão rápido que esses 2 anos passaram voando. Com 2 anos estávamos exatamente comemorando a 24ª edição. Tem festa aí que faz duas edições ao ano e fica se gabando. Vamos fazer estatísticas… [risos]. Eu já queria fazer uma festa do “Cena Carioca” tinha algum tempo, mas achava que não estava na hora, que iria surgir no momento certo. Os dois anos do site foi a deixa que eu precisava; na mesma época conheci o Tarcísio Generoso, meu sócio, e tudo aconteceu. A grande guinada da E.njoy foi o primeiro réveillon na Bunker, quando os DJs João Neto, Rafael Calvente (os residentes) e Renato Cecin tocaram pela primeira vez na festa e o tribal se estabeleceu como estilo da pista principal. A “E.njoy Tour” já fez memoráveis edições na boate Josefine em Belo Horizonte. Qual a relação do público de Minas com a festa? O público mineiro é leitor do cena carioca? No aniversário de um ano de E.njoy começamos a “E.njoy Tour”. Era algo complicado pensar em fazer numa outra cidade, porque a vibe da festa é a pista. Em Belo Horizonte eu conheci o Marcelo Marent (que faleceu em outubro último), criador da Josefine. De cara fiquei impressionado com o trabalho dele e ficamos amigos. Marcamos logo uma E.njoy, que foi muito bem recebida, com a mesma vibe do Rio. A turma que tenho em BH foi responsável em parte por isso: são frequentadores assíduos das edições cariocas. Hoje temos praticamente uma residência na Josefine, já tendo feito quatro edições ao longo de um ano, sempre com sucesso. A próxima deve rolar no início de 2007. O selo de festas E.njoy já realizou diversas edições e muitas delas em conhecidos clubes noturnos. Já houve algum tipo de desavença ou conflito entre a produção da festa com a produção de algum clube? No período em que estamos fazendo a festa no local, não. Eu e Tarcísio somos pessoas fáceis de trabalhar, mas bem centradas e com objetivos claros. O profissionalismo impera. E temos tido um bom jogo de cintura. Atritos pequenos às vezes acontecem. Mas nada de desavenças. Alguns problemas surgiram quando íamos de um clube para o outro, e os produtores ficavam enciumados entre sí e com a gente. Ego trip, sabe? “é meu, é meu, é meu!”. Mas sempre deixamos claro que a festa seria itinerante. E no final, acabamos passando novamente nesses lugares e tudo ficou na paz. Alguns meses atrás o cena carioca e outros sites de noite relataram um fato ocorrido entre você e um outro produtor de festas, o Oswaldo Estrela. Uma confusão que chegou em agressão física. O que você tem a dizer sobre isso? O Cena Carioca é hoje acessado diariamente por milhares de pessoas. Nunca fiz marketing, nunca fiquei pedindo ninguém pra entrar. Tudo aconteceu de forma natural. As pessoas se identificam com o que escrevo. E hoje, eu agradeço muito a cada leitor que tenho. Não sou jornalista, sou um grande observador da noite e da cultura underground. Comecei a desenvolver esse trabalho quando ninguém divulgava nada que fosse gay. Tem gente que não entende isso e quer dizer como eu devo levar o site, o que o site tem que fazer, o que devo escrever, como escrever… As pessoas piram! E quando não faço isso, incomodo geralmente os produtores da cena gay, que são os mais vaidosos entre todos. Crítica boa ou ruim, é publicidade da mesma forma! [risos] Sobre o fato em específico, uma pessoa faz uma festa num terraço, pede pra eu divulgar, eu divulgo. Aviso que o tempo está ruim, ele diz no mesmo dia que vai rolar mesmo com chuva no salão coberto. Eu vou até a festa com meus amigos. Ele pergunta o que eu achei e eu digo que não tenho o que achar. Saí de uma festa ótima, peguei chuva, chego lá e está tudo desligado. Amadorismo, idade avançada, frustrações e falta de respeito… No mercado brasileiro da noite, quais DJs na sua opinião estão em alta e quem você mais valoriza? Falando de house tribal: João Neto, Renato Cecin, Pacheco, Ana Paula e Rafael Calvente sempre me tiram de casa pra dançar. Mentex, Jeff Valle, Patricinha Tribal estão conquistando um ótimo espaço, porque cada vez dão mais identidade ao seu som. Eu não curto farofa nem nos meus dias ruins… Na sua opinião, cite um momento inesquecível que a cena da noite gay do Rio viveu. Especialmente pra mim, a tenda “Arena E.njoy”, em março, no Chemical Music Festival foi incrível! Um festival de 20.000 pessoas, 4 pistas, sendo o house a que menos recebe investimentos. Só o trance iria até meio-dia, e as outras iriam até às 10h. Mas a pista estava cheia e os produtores deixaram levar a Arena E.njoy até o final do evento. Ana Paula e Rafael Calvente voltaram pra cabine num back2back. Foi ótimo ver a tenda gay mostrando força num evento majoritariamente hétero. Outro momento que não dá pra esquecer foi a galera saindo às 13h da Bunker, num after da X-Demente, e parando literalmente a Raul Pompéia, com engarrafamento até a Bolivar. Ligaram o som, subiram no carro e todo mundo dançando na rua… até o policial chegar! E um momento triste na cena. Tiro na R:evolution do Armazém, em julho passado. A festa estava ótima e um cara vem e atira em outro no meio da pista. Como assim?!? O que você tem a dizer de outros produtores que marcam suas festas no mesmo dia que outras já agendadas e anunciadas? Isso é complicado. Porque às vezes o cara já tem uma agenda e não divulgou. Às vezes o produtor precisa fazer aquele evento. Às vezes são tantas datas ocupadas, que você tem que escolher uma e fazer. E às vezes, o cara acha que é o dono da noite mesmo e faz a festa no mesmo dia na intenção de tombar, mostrar força. Tem também produtores pequenos que marcam as melhores datas e acham que uma grande festa não pode marcar. É muito complicado. Tem que haver conversa. Tem que haver consciência que às vezes vai acontecer. E saber quando é melhor ou não fazer; tem que confiar no produto que tem em mãos, saber avaliar os riscos. Mas, em uma cena crescente, isso vai acontecer mesmo e o público segmentar; quem quer esse som, quem quer aquele… A Enjoy é uma festa considerada por ter um público selecionado, de qualidade. A cada edição nos surpreendemos com algo preparado pela produção para agradar

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