in

“Antes de falar mal de alguma coisa que se refere a luta por nossos direitos, olhe pra si, veja o que você faz para ajudar”

Desde que me entendo por gay e estudioso do assunto, reparo que inúmeras pessoas protestam, reclamam e criticam a Parada do Orgulho Gay, independente do local onde ela é feita. Eu entendo todas elas pois no início eu também criticava, como também não concordava com o jeito de ser de outros gays, principalmente aqueles que apresentavam trejeitos ou afeminações. Acredito que tudo é uma fase e só abrindo mais a cabeça para a diversidade é que podemos entendê-la, respeitá-la e admirá-la. Além de ter plena consciência de sua realização (como é feita) e principalmente: o que nós, que tanto reclamamos e criticamos, fazemos para que as coisas melhorem. Esse artigo foi pensado na virada deste ano, quando estava na praia e uma menina muito simpática comentou na rodinha de amigos sobre um detalhe da Parada Gay de 2004 em São Paulo. Ela falava com muita indignação sobre a grande distância entre dois trios elétricos durante o percurso, dando a entender que isso era um problema gravíssimo dos organizadores do evento. Nesta hora eu perguntei: Você tem idéia de quantas pessoas organizam este evento? Você tem idéia do trabalho que eles têm e das dificuldades que possuem para organizar a parada gay? Depois disso fiquei pensando, se tivessem mais pessoas trabalhando e fazendo algo, talvez tivesse uma equipe só pra ver esse problema “gravíssimo” que ela apresentava. Mas não. Não tem tanta equipe assim e as pessoas que estão lá, batalhando o ano inteiro (e não só meses antes como pensam alguns) têm que se preocupar com coisas muito mais importantes que a distância dos carros. Citei-a para entrar neste assunto, mas as criticas são gerais. Como disse, eu também já compactuei com algumas, mas quando não entendia o real valor da palavra DIVERSIDADE. Para mim, no PASSADO, todo homem gay deveria ser homem (sem trejeitos), a parada gay não poderia ter drags, pessoas fantasiadas, palhaços e muito menos se parecer com um carnaval. Achava que tudo isso não ajudava em nada em nossa imagem. Mas qual seria nossa imagem? Hoje, entendo que nossa imagem é a imagem da DIVERSIDADE. Não podemos discriminar e nem recriminar todas as “expressões” da nossa comunidade. Existem gays, travestis, transexuais, barbies, fashionistas, simpatizantes, pessoas fantasiadas, drags, tudo isso faz parte da comunidade dita “gay”. E a Parada Gay nada mais é que um grande dia para mostrarmos a sociedade que nós, que sempre somos invisíveis para eles, EXISTIMOS. E existimos com todo o prisma de cores que o arco-íris possui. Para aqueles que acham que falta política, falta mais protesto neste grande dia, que faça alguma coisa e lute por aquilo que acredita. Leve uma faixa, faça um cartaz, coloque uma camiseta com dizeres de protesto, grite para o mundo. Não espere que os outros façam aquilo que você acha “ideal” em uma Parada Gay. E se puder, convença até amigos mais próximos a fazerem a mesma coisa. Mesmo porque, política e luta não é feita em apenas um dia. É necessário lutarmos todos os dias por nossos direitos. Mas ninguém pensa nisso. Ninguém se compromete. Ninguém dá a cara à tapa e faz alguma coisa. Só criticam, criticam e criticam tudo. Quando era mais novo, trabalhei ao lado do Teatro Municipal de São Paulo e ao meio dia havia um protesto de camelôs. Olhei para meu chefe e fiz uma critica tremenda sobre a administração da cidade. Ele olhou pra mim e pediu para parar de criticar. Falou que criticas tanto eu quanto metade da cidade teríamos contra ela, mas ir lá e fazer alguma coisa pra melhorar, ninguém fazia. Que, ao invés de criticar qualquer coisa, deveria arregaçar as mãos e partir para ação de melhoria ou permanecer calado. Mas jamais criticar por criticar. Qualquer coisa que seja. Foi uma lição e tanto. Hoje vejo que tem muita gente que precisaria dela. Para “acordar” e finalmente fazer algo por todos nós. Ao invés de só reclamar. Então, antes de criticar a parada, antes de falar mal de alguma coisa que se refere a luta por nossos direitos, olhe pra si, veja o que você faz para ajudar ou melhor, o que poderá fazer para contribuir na luta por uma sociedade melhor. E não só neste dia, mas durante todo o ano. *Fabrício Viana é bacharel em Psicologia e autor do livro que fala sobre a homossexualidade chamado “O Armário – Vida e Pensamento do Desejo Proibido” – Site do livro: www.oarmario.com

Tablóide britânico descobre que policial fazia programas

Polícia da Irlanda do Norte procura candidatos gays